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Mario Bitencourt
Publicado em 13 de março de 2020 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
O baiano Edmilson Souza Silva, que há três anos mora em Milão, na Itália, tem vivido um verdadeiro cárcere por causa do novo coronavírus. O país teve o maior aumento diário em termos absolutos registrado em qualquer lugar do mundo desde que o vírus surgiu na China no fim do ano passado, saltando de 196 para 827 em mortes entre quarta (11) e quinta-feira (12). >
Em conversa com o CORREIO, Edmilson, 39 anos, contou sua rotina no país europeu e disse que as pessoas estão presas em suas casas por conta do avanço do novo vírus, que fez o governo restringir as saídas de mais de 60 milhões de pessoas apenas ao trabalho, mercados, bancas de jornais, farmácias ou hospitais.>
Natural de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, Edmilson, trabalha como entregador da Amazon (empresa que vende produtos pela internet) em Milão, no norte do país, e chegou a ter sintomas da doença, mas não confirmou se era mesmo coronavírus, porque o médico que o atendeu não achou necessário fazer um teste.>
“No sábado passado tive febre alta, inflamação na garganta e dor no corpo. Fiquei o domingo em casa e, na segunda, fui ao hospital da base [o equivalente a um posto de saúde público no Brasil], mas o médico disse que não ia fazer o teste em mim porque os hospitais já estavam lotados e por conta da minha idade. Me passou um antibiótico, tomei e estou me sentindo melhor”, relatou.>
No consultório médico, ele fez um vídeo que mostra cadeiras onde há o aviso de que não podem ser usadas por conta da distância mínima de 1 metro entre as pessoas, que tem de ser respeitada. O temor é tanto que restaurantes e o aeroporto de Milão também estão fechados.>
O baiano contou que as ruas estão cheias de policiais, controlando o vai e vem das pessoas.“Quem é parado tem de se explicar, dizer porque está na rua. Se não tiver motivo plausível, como ir a hospitais, trabalho, farmácia, pode levar multa. Tem de ficar em casa o tempo todo”, declarou.De início, segundo relata, várias pessoas não acreditaram que a doença poderia se espalhar facilmente, mas, depois que o governo passou a proibir a presença de público em grandes eventos, como partidas de futebol, “as pessoas passaram a levar mais a sério o problema e deixaram de frequentar restaurantes chineses”, disse.>
Na Itália, os casos confirmados de coronavírus já chegam a 12.426, com 827 mortes, de acordo com o divulgado pelo Ministério da Saúde italiano no boletim mais recente.>
Reconhecendo a emergência crescente, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte disse que o governo destinará 25 bilhões de euros para ajudar a reduzir o impacto na economia já frágil - há uma semana, ele estimou que o país precisaria de apenas 7,5 bilhões de euros.>
Como uma interdição inicial no norte não conteve a disseminação, na segunda-feira o governo proibiu todas as viagens não essenciais e as aglomerações públicas no país até 3 de abril, suspendeu todos os eventos esportivos e prorrogou o fechamento das escolas.>