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Geraldo Bastos
Publicado em 11 de junho de 2020 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Apesar da severa recessão econômica que o país atravessa, o setor portuário da Bahia segue atraindo investimentos. Um bom exemplo disso são as obras de expansão do Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Salvador - um projeto que envolve recursos da ordem de R$ 443 milhões. E mais: ainda em 2020 deve ter início a construção do Porto Sul, em Ilhéus, o que representa mais R$ 2,5 bilhões em aportes financeiros da iniciativa privada. "São projetos importantes. É sempre bom lembrar que o que causa grande impacto no modal portuário são os novos investimentos. São eles que ampliam, fisicamente, a capacidade de trazer mais cargas para o estado e também permitem a captação de investimentos industriais. São portos modernos e eficientes que possibilitam a tomada de decisões dos investidores", diz Marcos Galindo Lopes, presidente do Conselho de Portos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).
Em relação ao Porto Sul, o governo federal renovou, no mês passado, por mais 18 meses, a autorização para a Bahia Mineração (Bamin) implantar o projeto do terminal de uso privado no distrito de Aritaguá, na zona sul de Ilhéus. A empresa já conta com todas as licenças necessárias para implantação do projeto. O processo de desapropriações também já foi concluído. As obras iniciais estão previstas para acontecer no segundo semestre deste ano e o início da operação para o primeiro semestre de 2024.
O terminal é fundamental para a exportação do minério de ferro, proveniente da mina Pedra de Ferro, que fica no município de Caetité. A estrutura receberá as cargas transportadas pela Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) para seguir para os mercados internacionais. Numa segunda etapa, o corredor logístico também irá escoar e distribuir os grãos produzidos no oeste baiano. Todo este complexo pode gerar um aumento de 1,93% no PIB da Bahia.
Estrutura O Porto Sul contará com um terminal, com capacidade de armazenamento e transporte de até 41,5 milhões de toneladas de minério de ferro/ano. A obra de implantação vai gerar inicialmente 500 empregos. No pico dos serviços, esse número saltará para até 2.500. Quando entrar em operação, daqui a quatro anos, serão entre 600 e 700 postos de trabalho diretos e centenas de outros indiretos.
É bom enfatizar que o projeto só fica de pé com os três ativos juntos: o porto, a ferrovia e a mineração. Antonio Carlos Tramm, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), diz que o Porto Sul irá revitalizar e modernizar a infraestrutura de logística do sul da Bahia. Já a Fiol vai viabilizar este novo porto.
"Eles [Porto Sul e Fiol] são irmão siameses, um depende do outro para existir. O minério de ferro garante a sustentabilidade do porto e da Fiol. Na sequência, com a conclusão da Fiol 2 (trecho Caetité/Barreiras) teremos a produção do oeste baiano", afirma Tramm. "Hoje, os produtores da região têm um problema sério de custo de embarque. Toda a produção é levada em caminhões para os portos de Salvador, Aratu e de Itaqui, no Maranhão. Só observando este aspecto dar para imaginar o que a Fiol e novo porto irão representar de economia para este setor", acrescentou.
Tramm lembra ainda que a terceira etapa da Fiol chegará ao Mato Grosso, o que vai permitir que as cargas daquele estado também possam ser escoadas pelos portos baianos. "O desenvolvimento que a Fiol e Porto Sul trarão para este pedaço da Bahia é fenomenal e é preciso que os baianos tenham conhecimento e consciência deste valor", afirmou. O vice-governador João Leão, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, reforça: "O Porto Sul é um projeto estruturante da maior importância, uma vez que, ligado à Fiol, será a principal porta de saída do minério de ferro que será aqui produzido, bem como de parte da produção mineral do norte de Minas. Além disso, tornará a região do Baixo Sul ainda mais atrativa para a implantação de projetos industriais de grande porte, a exemplo de siderúrgicas e processadoras de grãos".
Tecon A primeira etapa da obra de expansão do Tecon Salvador, ue será concluída ainda este ano, compreende a duplicação do berço de atracação, cuja estrutura saltará de 377 metros para 800 metros, aquisição de novos equipamentos e a pavimentação de 28 mil m² de retroárea.
Hoje, o Tecon Salvador tem capacidade para movimentar até 430 mil contêineres de tamanho padrão por ano e, após a conclusão da primeira etapa da obra, a capacidade passará a ser de 550 mil contêineres/ano.
Com a duplicação do berço, o terminal baiano passa a ter capacidade para atracar dois navios de grande porte (366 metros), simultaneamente. No total, foram adquiridos três portêineres (ship to shor e cranes) e cinco RTGs (guindastes de pátio sobre rodas). Os portêineres têm capacidade de movimentar 65 toneladas por vez e irão atender a navios similares aos maiores porta-contêineres em operação no mundo, com capacidade de içamento a 51 metros de altura e lança de 66 metros. Todos esses equipamentos já estão em Salvador.
“A ampliação do Tecon Salvador é um passo importante para manter o estado entre as principais rotas comerciais do mundo, permitindo a atração de novas rotas marítimas, ampliando a sua capac idade de movimentação e condições de atendimento para outras cargas e mantendo a competitividade da Bahia para novos negócios”, afirma o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni.
Paulo Villa, diretor-executivo da Associação de Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), diz que o Porto de Salvador é vocacionado para contêineres e que, desde 2005, os usuários do sistema portuário no estado reclamam por uma segundo terminal de contêineres.
"Muita gente diz que a Bahia não comportaria um segundo terminal, mas quando você observa que o Ceará possuí cinco berços para navios porta-contêineres, Pernambuco três, e a Bahia só agora que está chegando no segundo você o quanto o estado ainda tem para crescer nesta área", diz. "Este é um setor que deve ser tratado , com muito carinho. Quem quer e desenvolver tem que investir em contêineres", acrescentou.
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Trilhos para o progresso é um projeto sobre a Fiol, realizado pelo Jornal Correio, com o patrocínio da Mineração Caraíba S/A, BAMIN, Vanádio de Maracás S/A, SINDIMIBA – Mineração na Bahia e RHI Magnesita e apoio institucional da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).