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Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2022 às 05:24
- Atualizado há 2 anos
Potencial de mercado, educação e segurança pública são os maiores obstáculos no caminho do desenvolvimento da Bahia. Isso é o que indica o Ranking de Competitividade dos Estados, divulgado nesta terça-feira (13) pelo Centro de Liderança Pública (CLP). Apesar de ter subido uma posição em comparação com o ano passado na colocação e agora ocupar o 17º lugar, a Bahia ainda fica atrás de atrás da Paraíba (12º), Ceará (13º), Alagoas (14º) e Pernambuco (15º), ocupando apenas a quinta posição entre os 9 estados da região Nordeste.
Para avaliar cada um dos estados são utilizados 10 pilares temáticos (veja abaixo) que apontam o que as empresas já sabem há um bom tempo: a competitividade não diz respeito somente a indicadores econômicos, mas a um conjunto de fatores sociais, ambientais e de gestão pública. Quanto mais competitivo o estado for, maiores são os investimentos atraídos e mais trabalho e renda são ofertados à população.
Para o consultor da Fecomércio na Bahia, Guilherme Dietze, a posição no ranking aponta para as deficiências que precisam ser mitigadas para que o estado se torne capaz de atrair novos recursos. O economista usa a região oeste como exemplo: “Por mais que haja incentivo de infraestrutura para montar uma indústria na região, não há mão de obra qualificada, e nem uma boa educação e saúde que possam atrair funcionários de outros lugares”.
Esta é a 11ª vez que o Centro de Liderança Pública realiza o ranking. Com sede em São Paulo, a organização cria campanhas e faz estudos para que o setor público possa tomar melhores decisões.
Piora Entre 2021 e 2022, a Bahia teve queda em quatro pilares analisados: educação, sustentabilidade ambiental, sustentabilidade social e potencial de mercado. Um dado alarmante é que o estado registra a maior mortalidade precoce no Brasil. Além disso, a Bahia ocupa a 24º posição quando o assunto é o número de famílias abaixo do da linha de pobreza.
Na área de educação houve piora na taxa de frequência dos alunos do ensino fundamental. Já na segurança foram registrados mais crimes contra o patrimônio e mortes no trânsito. No quesito da sustentabilidade ambiental, o estado teve piora na transparência de ações em combate ao desmatamento, no tratamento de esgoto e na destinação do lixo.
Os indicadores apontam que não é necessário apenas diminuir impostos para atrair investidores. “O ranking de competitividade vai muito além de questões puramente econômicas. A competitividade está muito ligada à capacidade que o estado tem de gerar bem-estar social”, analisa Lucas Cepeda, gerente de Relações Governamentais e Competitividade do CLP.
Inovação e infraestrutura também são pontos a serem levados em consideração. Apesar de o estado ter apresentado melhoras nesses itens, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, aponta que é preciso resolver dificuldades latentes. “A Bahia tem alguns gargalos difíceis para o setor e os empresários enfrentarem. Nós temos problemas nas estradas, no fornecimento de energia elétrica, nos custos para levar as mercadorias aos portos de outros estados e a conectividade que é péssima no campo”, diz.
O presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Gustavo Pessoti, explica porque uma boa infraestrutura é essencial para os negócios: “A economia competitiva tem a capacidade de criar uma ambiência para um ciclo de negócios [...] Uma infraestrutura favorável é um centro gravitacional de recursos e investimentos porque isso significa mais agilidade e diminuição de custos de transação”.
A secretaria de Desenvolvimento Econômico e a secretaria da Fazenda do estado e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) foram procuradas, mas não comentaram a posição da Bahia no ranking até a finalização desta reportagem.
Classificação No pilar de eficiência da máquina pública, a Bahia teve melhoras nos indicadores de equilíbrio de gênero no emprego público estadual e no índice de transparência. Na área de infraestrutura, o estado subiu três posições no ranking nacional e o destaque é a melhora na acessibilidade do serviço de telecomunicações. O estado ocupa ainda a 4º posição em solidez fiscal e é líder nacional em liquidez e produtividade dos magistrados e servidores da Justiça.
“O principal impacto de uma boa gestão é a possibilidade de ofertar serviços públicos e realizar investimentos estruturantes”, afirma Armando Castro, diretor de Estatísticas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Mesmo assim, a Bahia só ocupa a quinta posição na região Nordeste. No topo dos mais competitivos do país estão São Paulo (1º), Santa Catarina (2º) e Paraná (3º).
O que o ranking diz sobre a Bahia
26º lugar em frequência líquida nos ensinos médio e fundamental
25º lugar em presos sem condenação
20º lugar em mortes a esclarecer
23º lugar em destinação do lixo
21º lugar em acesso à energia elétrica
24º lugar em eficiência do judiciário
4º lugar em solidez fiscal
1º lugar em índice de liquidez e produtividade dos magistrados e servidores do judiciário
Posição da Bahia por pilar
Solidez fiscal - 4º
Eficiência da máquina pública - 6º
Capital humano - 10º
Inovação - 15º
Infraestrutura - 16º
Sustentabilidade ambiental - 17º
Sustentabilidade social - 21º
Segurança pública - 23º
Educação - 24º
Potencial de mercado - 25º
Ranking nacional
São Paulo Santa Catarina Paraná Distrito Federal Mato Grosso Rio Grande do Sul Mato Grosso do SUL Minas Gerais Goiás Espírito Santo Rio de Janeiro Paraíba Ceará Alagoas Pernambuco AmazôniaBahia Tocantins Rondônia Rio Grande do Norte Sergipe Roraima Pará Acre Piauí Maranhão Amapá
Para mais informações
https://www.rankingdecompetitividade.org.br/estados
*Com orientação de Monique Lôbo.