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Mariana Sales
Publicado em 31 de outubro de 2016 às 07:41
- Atualizado há 2 anos
Quem já está com o orçamento apertado com filhos na escola particular que se prepare. O ano de 2017 promete apertar ainda mais - por isso a palavra de ordem é economia. O CORREIO ouviu 20 estabelecimentos particulares de Salvador que afirmaram que já têm previsão de aumento para 2017. Destas, 10 estão com reajustes de 5 a 28% sobre a mensalidade atual. Outras 10, que ainda não fecharam os preços, estimam que o reajuste médio seja de 12%. >
Para contornar a situação e evitar prejuízo, o educador financeiro Edval Landulfo afirma que, antes de tudo, os pais devem ter conhecimento do orçamento doméstico. “Ter consciência dos seus gastos é fundamental. Principalmente agora no final do ano. Algo que pode ajudar é guardar parte do 13º e economizar nos presentes para ter uma reserva”.>
Outra alternativa é negociar descontos. “O ideal é fazer isso um pouco antes do período de matrícula para ter descontos maiores. Pagar o primeiro semestre ou o ano com antecedência pode render uma economia de 10% a 15%”.>
Na conversaCom dois filhos na escola particular e um orçamento apertado, a nutricionista Juliana Martins recorre ao diálogo para conseguir descontos com o colégio. Após negociar o valor, ela conseguiu diminuir R$ 400 da mensalidade de cada criança – que passou de R$ 1.300 para R$ 900. “Em tempos de crise é o cliente quem manda. É importante conversar, ainda mais se você tem mais de um filho. Tento negociar tanto a mensalidade quanto as festinhas que são pagas por fora”, explica.>
Por causa das vantagens, ela já confirmou a renovação da matrícula dos filhos para o ano que vem. “Eles me asseguraram que eu vou continuar tendo a mesma redução. Cheguei a pensar em colocá-los em uma escola mais barata, mas com o desconto os valores ficam iguais”, conclui.>
DescontosNo Colégio Acadêmico, por exemplo, o desconto para membros da mesma família pode chegar a 50%. No Cândido Portinari, o segundo filho tem um abatimento de 10%, assim como quem pagar a anuidade no início do período letivo. Já no Centro Educacional Vitória Régia e no Colégio Batista Brasileiro, aqueles que pagam até o 5º dia útil do mês têm 5% de desconto.>
A filha da servidora pública Márcia Fonseca foi colocada na escola no ano passado, quando tinha um ano e meio de idade. Como o marido ficou desempregado recentemente, a família ficou ainda mais atenta aos gastos para não entrar no vermelho. >
“Fica mais puxado bancar a escola, mas é importante investir na educação. Tento pagar a mensalidade da escola até o 5º dia do mês para conseguir os 5% de desconto que eles oferecem para quem se adianta. Com essa quantia já podemos pagar outras coisas”, conta ela.>
Economia domésticaPara pagar as mensalidades sem preocupação, além de muita conversa, é necessário pensar nas economias que podem ser feitas ainda em casa. Estes cortes podem ser feitos dentro de casa. “Pagar por um pacote de televisão a cabo com diversos canais, por exemplo, é desnecessário. Outras coisas que podem ser manejadas são os gastos com saídas, serviços adicionais e atividades extras”, diz Landulfo. >
É exatamente por isso que é importante estar preparado para qualquer circunstância. “Do jeito que a economia está, os produtos e serviços estão cada vez mais caros. As pessoas têm dificuldade de economizar porque têm medo de perder o status. Mas é preciso se adaptar, e isso só vai acontecer por meio de pequenos ajustes financeiros”, fala o educador financeiro. >
Ele destaca ainda a importância de considerar todas as mudanças de valores e colocá-las na ponta do lápis para ver se isso cabe ou não no orçamento. “O peso da escola nas despesas familiares já é muito alto normalmente. Agora imagina uma criança que muda do fundamental para o ensino médio. O valor é muito significativo. Então, o acréscimo não é só o do reajuste, é a variação das séries. A sensação é de 2 aumentos”. >
Segundo ele, o reajuste e a variação de preço de uma série para a outra podem chegar, juntos, a 30%. "Daí a importância de calcular o valor anual das coisas, e não o mensal. É quando você multiplica uma coisa por 12 que você percebe o quão cara ela é", conclui o educador financeiro. Dica da semana: Economias escolaresCarona solidária Por que não conversar com pai de coleguinhas e vizinhos que estudam na mesma escola? A carona pode reduzir muito os gastos com o transporte. >
Esportes Muitos condomínios hoje contam com estruturas de lazer e esportes como quadras, parques e piscinas. Antes de pagar esta atividade extra, verifique se no próprio condomínio tem algum profissional que realiza estas atividades por lá, ou junte-se a outros pais e tente montar um grupo. Com certeza, o valor sairá mais em conta. >
Lazer Com a grana apertada, vale trocar os R$ 100 gastos nos passeis no shopping por um piquenique no parque ou um dia na praia. >
Lanche na escola Levar a merenda de casa vai ser sempre mais barato do que comprar o lanche na escola. Diversifique as opções e economize com esta estratégia também. >
Mesada A gente sabe que é bom e todo mundo gosta. Mas é importante usar isso para estimular a educação financeira nas crianças. Ensine à meninada a administrar este recurso. O “porquinho” de moedas é outra boa ideia para despertar este equilíbrio financeiro desde cedo.>
Conversa É preciso conversar abertamente sobre dinheiro e orçamento com a família, inclusive as crianças. Todo mundo precisa saber até onde vai a capacidade de gasto, planejar junto onde é preciso economizar, e o que pode ser feito por todos. >
Reaproveitamento Existem materiais escolares, como a mochila, por exemplo, em que a vida útil não termina com um ano de uso. Converse sempre com os filhos sobre a real necessidade de se adquirir um material novo quando o atual ainda está em boas condições. >
Livros Com o fim do ano letivo e abertura da temporada de matrículas para o ano que vem, fique atento às feiras e encontros de trocas de livros. O custo com este material pode também reduzir bastante desta forma.>
Procon fala sobre direitos dos paisEm um cenário em que pais e escola precisam entrar em um acordo, Paulo Teixeira, diretor de assuntos especiais da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA), destaca quais são os direitos e deveres de cada parte na hora da realização da matrícula dos estudantes. >
Para os responsáveis pelos alunos, o primeiro passo para saber se os preços divulgados pelos colégios são abusivos ou não é exigir uma planilha de custos. “Assim que forem informados do reajuste, eles podem pedir a planilha. Se ela não corresponder ao aumento que estão mostrando, com todos os gastos discriminados, os pais podem recorrer”, fala. >
Na planilha devem estar presentes, por exemplo, informações referentes aos valores dos materiais, alimentação, aumento no salário dos professores e despesas com os funcionários.Ele conta também que não há um índice específico que determine quanto deve ser o reajuste anual. “Não há uma regra. Entretanto, geralmente as pessoas usam a inflação como base para isso. Mas isso vai de cada lugar, depende muito dos custos que eles têm para manter o seu padrão”.>
No Procon, as principais reclamações sobre escolas são relacionadas a cobranças indevidas, rescisão de contrato e cláusulas abusivas. “O índice de reclamações entre a pré-matrícula e o início das aulas é muito grande. Principalmente em relação às taxas de inscrição e mensalidades”, conta Paulo Teixeira.>
Para evitar problemas, o diretor aconselha os pais a pesquisarem o máximo que puderem. “Às vezes uma escola cara não é a melhor. Os pais têm que se atentar aos planos didáticos e pedagógico que elas oferecem para os alunos”, afirma ele.>
Mais uma vez, a negociação aparece como uma saída para baratear os gastos. Apesar de não haver dispositivos legais que garantam que as escolas devem oferecer descontos para o segundo filho, dentro da disposição de oferta e procura, grande parte delas dispões deste benefício.>
“É possível conseguir descontos. Há uma liberalidade entre os contratantes que permite isso. Os pais devem ir às escolas para discutir abatimentos e antecipar valores. Tudo é possível, cada caso é um caso”.>
Segundo a lei nº 9.870, que rege as questões voltadas para as matrículas das escolas, o reajuste fixado pelas instituições deve ser divulgado até 45 dias antes da data final do período de matrícula.>
*Colaboraram Juliana Montanha e Renata Drews, esta última da 11ª turma do programa Correio de Futuro.>