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Da Redação
Publicado em 2 de março de 2019 às 19:50
- Atualizado há 2 anos
Ao desfilar vestido de "PM do futuro", Igor Kannário disse que fazia uma homenagem à polícia. Só que o emblema com "Comando da Paz" estampado no ombro e nas costas pegou mal entre a categoria e virou alvo de mais uma polêmica envolvendo o cantor e a polícia.
A Associação dos Policiais e Bombeiros Militares e seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) informou que vai processá-lo por fazer apologia ao crime, ao promover uma facção criminosa, a Comando da Paz. Já o deputado estadual Capitão Alden (PSL) informou que entrará com uma representação no Ministério Público e encaminhará à Câmara dos Deputados uma denúncia para que o Conselho de Ética julgue a sua conduta "desafiadora da moral e dos bons costumes".
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De acordo com o presidente da Aspra, o soldado Prisco, a entidade vai entrar com uma ação idenizatória e outra criminal."O Comando da Paz é uma facção criminosa, usar esse emblema é fazer apologia ao crime. Também vamos processá-lo por incitar a multidão contra os policiais durante o desfile. Policiais que acompanharam o desfile nos procuraram para relatar", informou Prisco. Esta será a terceira vez que a Aspra vai processar Kannário. "Já temos duas ações contra ele, uma delas foi na micareta de Feira de Santana, envolvendo uma policial", comentou Prisco.
Já o deputado federal capitão Alden disse que é lamentável essa situação e "uma vergonha para o povo baiano ter um representante deste nível em Brasília"."Não é a primeira vez que ele aparece em vídeos fazendo referências a determinadas facções criminosas. Ele alega que ladrão não rouba ladrão e faz questão de ostentar tatuagem fazendo referência a uma droga de uso proibido", critica o parlamentar.Ainda de acordo com o capitão Alden, o artista poderia "estar se utilizando da mídia e do poder que tem para fazer o bem e estimular os jovens a ter posturas condizentes e dentro da lei".
Em nota, a assessoria de imprensa de Kannário informou que o intuito do artista era pregar a paz entre o povo e homenagear a polícia militar. A frase que causou dúvidas a respeito de uma suposta apologia à facção criminosa Comando da Paz foi uma "infeliz coincidência". "Esclarecemos, diante disso, que foi uma infeliz coincidência e que nada tem a ver o nome da sua roupa com a facção. Ressaltamos que o objetivo do cantor é trazer alegria para o folião e promover a paz entre todos os presentes no Carnaval de Salvador".Procurados, tanto a Polícia Militar (PM) quanto a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP) preferiram não se posicionar sobre o assunto.
Um policial, que não se identificou, comentou que o Comando da Polícia ficou irritado com a atitude desrespeitosa do cantor e que os policiais se recusaram a manter a segurança reforçada no entorno do trio do artista no final do circuito.
Outro polical que também criticou a postura do cantor. "Respeite a minha instituição. Esse aí representa o que não presta dos becos e vielas da favela, não o cidadão de bem que acorda cedo pra trabalhar", criticou o PM. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Confusão Durante o desfile, o cantor mandou prender um homem que estava na sua pipoca e agrediu um dos foliões. Ele parou a música e chamou a PM, dizendo que tinha visto a agressão. Quem estava ao redor concordou e segurou o acusado. Kannário só pediu pra música voltar depois que policiais militares levaram o rapaz.
Ainda no Farol da Barra, o cantor já havia prometido que tomaria essa medida contra os brigões. "Parou porque não quero ninguém esculhambando minha parada. Eu tô vendo tudo daqui de cima. Se tiver alguém brigando, vou mandar prender pro cara acabar a festa dele cedo. Não vamos atrapalhar a festa de tanta gente por causa de um otário ", disse.
A mensagem de Kannário não foi suficiente para conter as brigas. Logo no início do circuito, quando fazia a curva do Farol da Barra, estourou um foco de confusão. O cantor pediu para parar o som de imediato.
Comando da Paz No ombro e nas costas, o cantor trazia um emblema escrito Comando da Paz, porque, segundo ele, seu trabalho é fazer a massa curtir "no respeito e no limite", como diz o refrão da sua música Disse Me Disse. Refrão que, aliás, ele nem precisava cantar - deixava para o público, em meio aos policiais. O nome Comando da Paz também intitula uma das mais poderosas facções criminosas de Salvador, mas a produção do cantor negou qualquer relação com o grupo. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) "Tirem suas próprias conclusões da pipoca do Kannário. Vejam se tenho cara de bandido, de traficante, de ter relações com o crime organizado. Só peço paz, respeito e limite pra todo mundo", disse o cantor no trio. "Por isso que hoje estou vestido de Comandante da Paz. Tenho que dar exemplo pra comandar uma massa dessas aqui", completou Kannário em frente a um dos camarotes, segundo ele, "cheio de brancos".
Quando um cordão da Polícia Militar passou entre seus foliões, Kannário até pediu para parar a música: "Vamos parar e aplaudir o trabalho da nossa PM. Vim vestido de PM do futuro para homenagear esses guerreiros, porque eles também querem paz. Vamos aplaudir porque eles estão trabalhando".
O cantor pediu para parar a música várias vezes para que a PM fosse aplaudida. E pediu para que a imprensa filmasse. "Pra mostrar o bom trabalho que a PM está fazendo. Eu vi tanta reunião de planejamento e eu só me perguntando 'por que na pipoca do Kannário nada funciona?'. Mas tá aí, um bom trabalho da nossa PM".
Mas o cantor, agora deputado federal pelo PHS, também alfinetou os maus policiais, segundo ele. Mostrando um cacetete da fantasia, bradou: "Sabe como eles chamam isso daqui? De 'spray de pimenta'. Será que eles teriam coragem de usar isso daqui no filho deles? É desacato se eu perguntar isso?".
"Negros merecem respeito" O deputado federal também deu o que falar em sua passagem pelo Camarote 2222. O Príncipe do Guetto pediu para os técnicos de som e músicos pararem a música e mandou um recado para o público do badalado espaço localizado no Edifício Oceania, na Barra."Prazer, eu sou o Príncipe de todo esse povo aqui. Quando esses meninos nasceram, a droga e a violência já existiam. Eles nao têm culpa. Esses negros merecem respeito, assim como vocês, brancos", alfinetou.