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Após desembarcar nos EUA, Weintraub é finalmente exonerado do MEC

Governo federal publicou demissão em edição extra do Diário Oficial

  • D
  • Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2020 às 12:48

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No mesmo dia em que se apresentou como ministro ao desembarcar nos Estados Unidos, Abraham Weintraub foi exonerado do cargo de chefe do Ministério da Educação (MEC). O ato foi publicado no Diário Oficial da União, em edição extra, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. O decreto, datado deste sábado (20), diz apenas que o ministro foi exonerado "a pedido" nesta data.

Economista, o ex-ministro deve assumir uma representação brasileira no Banco Mundial. O salário no cargo é de US$ 21,5 mil mensais (cerca de R$ 115,9 mil), quase quatro vezes mais do que ele ganhava como ministro (R$ 31 mil). De quebra, irá se sentir mais seguro.

"Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). Não quero brigar! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!", escreveu o ex-ministro no Twitter, antes de deixar o país. À CNN Brasil, ele reforçou: "A prioridade total é que eu saia do Brasil o quanto antes. Agora é evitar que me prendam, cadeião e me matem", disse. 

Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro indicaram nas redes sociais que a nomeação de Weintraub para o Banco Mundial não se trata de um prêmio de consolação, mas de uma estratégia do presidente para tirar o ex-ministro do país e evitar sua prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Weintraub é investigado no inquérito das fake news, que tramita na Corte e já determinou a prisão de vários alvos.

O youtuber Bernardo Küster, um dos alvos do inquérito das fake news, foi o mais explícito. Num vídeo, afirmou que Weintraub vai exercer um cargo no exterior para "fugir" de ser preso pelo Supremo. "Estão articulando a prisão desse homem e a vida dele vai de complicar. O Supremo já sinalizou que não vai dar moleza para ele quando o mantiveram no inquérito das fake news". 

Se continuar solto e for mesmo morar nos EUA, Weintraub deve seguir na defesa do presidente Jair Bolsonaro, mas, sobretudo, quer aumentar sua influência nas redes sociais e se projetar como um líder da direita. A interlocutores, ele admite usar a projeção que ganhou no MEC para concorrer a governador de São Paulo ou a senador em 2022.

Ao ocupar um posto de diretor do Banco Mundial também deve se aproximar ainda mais do guru Olavo de Carvalho, que mora no estado americano de Virginia. O ex-ministro também pretende manter relação com o diplomata olavista Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada brasileira na capital americana. Embora ex-alunos do guru bolsonarista, os dois não se conhecem pessoalmente. Por fim, Weintraub deseja também ser um interlocutor do grupo do presidente Donald Trump.

A indicação de Weintraub para o Banco Mundial já foi feita pelo Ministério da Economia, mas ainda depende de aprovação de outros países - o que deve ser apenas uma formalidade.  Em nota, o banco explicou que o cargo do ex-ministro consiste em representar o Brasil no Conselho de Diretor Executivos do Banco Mundial. O grupo do Brasil ainda tem Colômbia, Equador, Filipinas, República Dominicana, Panamá, Haiti, Suriname e Trindad e Tobago. São esses os países que têm de aprovar a indicação do ex-ministro.

Se aprovado, Abraham Weintraub ficaria no cargo até o dia 31 de outubro, quando acaba o atual mandato.