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Daniela Leone
Publicado em 10 de setembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Capitão do Bahia em 2016, o zagueiro Jackson teve papel importante na campanha de acesso à Série A, mas nunca disputou uma partida com a camisa tricolor na elite do futebol brasileiro.
No ano passado, ele rompeu o menisco do joelho direito durante um treino às vésperas do Brasileirão e passou por cirurgia. Porém, uma deformidade pré-existente não o deixou retornar aos gramados. O zagueiro precisou fazer uma osteotomia, cirurgia de grande porte que incluiu fraturar o fêmur para realinhar o joelho.
Aos 28 anos, Jackson teve que reaprender a andar e não esconde que foi às lágrimas no dia 14 de junho deste ano, quando voltou a entrar em campo para defender a equipe tricolor sub-23 no Brasileiro de Aspirantes.
Relacionado pelo técnico Enderson Moreira para os últimos quatro jogos da Série A, o zagueiro, que tem contrato até dezembro de 2019, admite a ansiedade para defender o time outra vez. Hoje, ele completa 491 dias sem vestir a camisa principal do Bahia, mas tem convicção de que a reestreia acontecerá ainda nesta temporada.
Como você se sente? Fiz os três jogos do sub-23 sentindo desconforto e algumas limitações. Hoje, não sinto desconforto nenhum. Venho fazendo os treinos sem limitação. Me sinto bem. Suportar um jogo inteiro eu não consigo, pela questão física. É até bom falar dessas coisas, pois o torcedor me pergunta por que ainda não voltei. Muitos acham que ainda tô na fisioterapia. Já estou recuperado, tô treinando como todo mundo e esperando oportunidade.Como está a ansiedade para voltar a jogar pelo time principal? É o que mais quero nesse momento. Já ajudei muito fora de campo. Agora, quero ajudar dentro. É o que eu sinto prazer de fazer. Minha família se sente bem ao me ver dentro de campo e é o que eu mais quero agora. Tô trabalhando, voltando aos pouquinhos, o Enderson tem me levado para o banco e tô me preparando para quando a oportunidade aparecer, poder responder e, se Deus quiser, não sair mais.
Já conversou com o técnico Enderson Moreira? Já. A gente tem conversado desde a chegada dele e a gente conversou agora, nesses últimos dias. Ele falou que eu tenho melhorado muito, o pessoal não esperava essa evolução tão rápida e por isso ele está me levando para os jogos. Me disse para continuar trabalhando que daqui a pouco vai ter oportunidade.
Os três jogos com o sub-23 foram suficientes para pegar ritmo? Foi suficiente. Não foi nem para pegar ritmo de jogo, mas para ver como eu me sentia, por todo o procedimento que foi feito no joelho. Ajudou também para pegar ritmo, mas o principal foi para o pessoal ver como eu iria me sair e até pra mim mesmo.
Como foi voltar a jogar? A estreia foi contra o São Paulo, em Pituaçu. Eu fui o trajeto todo do Fazendão até Pituaçu chorando, agradecendo a Deus pela nova oportunidade. Passei por um momento muito difícil e naquele trajeto eu lembrei de cada momento da recuperação, de todo sofrimento. No jogo, a todo momento agradeci a Deus por estar ali novamente, por estar fazendo aquilo que eu mais amo.Você ainda não defendeu o Bahia na Série A. Acha que vai acontecer este ano? Tenho certeza que esse ano ainda vou fazer alguns jogos para coroar toda essa luta, essa persistência. É frustrante, porque eu ajudei a colocar o time na Série A e até agora ainda não consegui fazer um jogo. Tenho certeza que ainda vai acontecer este ano.
O que sentiu quando voltou a ser relacionado para o time principal? Eu estava com saudade de viajar, de hotel. É uma coisa que, para nós jogadores, enche muito o saco. Você fica preso num hotel, viagens, mas eu estava sentindo falta. Quero estar junto com o grupo, viajando, concentrando, porque fiquei muito tempo fora.Te incomodou não ser chamado do banco quando o Bahia precisou substituir um zagueiro? Meu pensamento é que, se eu tô indo para os jogos, é porque eu tenho condição de entrar no jogo. Toda vez que tem a possibilidade de um zagueiro entrar e eu não sou chamado, lógico que isso incomoda, porque a gente quer jogar, quer estar lá dentro, mas respeito a opção do treinador e também respeito meus companheiros que estão entrando. Eu fico frustrado por querer jogar, ninguém quer estar de fora, mas o respeito pelo treinador e pelos companheiros está acima de tudo.Você ainda não festejou um título com o Bahia em campo. É uma pendência? Por tudo que eu já vivi no Bahia, ainda quero levantar um título. Isso é um sonho também. Quem sabe uma Copa Sul-Americana, a gente está na briga agora, vamos ver.O que pensou ao saber que faria uma nova cirurgia? Em determinado ponto, eu achei que ali seria o fim. Achei que poderia parar de jogar bola com 27 anos. Foi muito difícil. Por não ser uma cirurgia simples, por não ser normal no meio do futebol um atleta de alto rendimento fazer isso. Se não fosse a minha família, eu já teria abandonado há algum tempo. Não desejo isso para nenhum jogador de futebol. Se não fosse minha família, eu já teria parado de jogar.
O que te dá a confiança de que pode voltar a jogar em alto nível? Acredito que eu consigo, sim, pelos treinos que eu venho fazendo. Me sinto muito bem, consigo fazer tudo aquilo que eu desejo, nenhuma coisa me limita e, por isso, eu acredito que ainda volto a jogar em alto rendimento.
O que mudou na sua vida após as duas cirurgias? Hoje em dia eu valorizo cada minuto do treino. Antes, se eu sentia qualquer cansaço, já parava. Hoje em dia eu valorizo cada minuto no clube, porque eu quase parei de jogar bola. Em casa, antes eu deixava de fazer coisas com meus filhos, dava atenção maior para outras coisas e, hoje em dia, eu também já vejo de outra forma. Procuro passar a maioria do tempo com eles.Como você projeta o seu ano de 2019? O final desse ano fazer alguns jogos e começar do zero, com todo mundo, com pré-temporada. E se Deus quiser, fazer aquilo que eu mais gosto, que é estar jogando, consequentemente se Deus permitir, a gente possa renovar o contrato, porque é um clube que eu gostei muito, me apoiou muito bem, minha família gosta de Salvador e a gente já esta bem adaptado. Quero ficar aqui por mais tempo.