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Da Redação
Publicado em 4 de março de 2020 às 22:43
- Atualizado há 2 anos
Apontada pela polícia como a maior traficante do estado, Jasiane Silva Teixeira, 31, a "Dona Maria", foi solta por habeas corpus expedido pelo Tribunal de Justiça da Bahia no dia 11 de fevereiro, antes do Carnaval. A informação foi confirmada ao CORREIO pelo advogado dela, Walmiral Pacheco Marinho. De acordo com a defesa, ela saiu do Conjunto Penal de Juazeiro e já retornou para São Paulo, onde residia antes de ser detida.
Proferida pelo desembargador Lourival Almeida Trindade, a decisão considerou ilegal a manutenção da prisão semiaberta de Jasiane por ausência de justa causa. O desembargador levou em conta, ainda, o fato de ela ser mãe de duas crianças menores, uma com 10 anos e outra com 5 anos.
Presa em setembro do ano passado, "Dona Maria", como ficou conhecida no meio policial ao assumir o posto do ex-marido morto em confronto com a polícia, respondia a três processos criminais, todos com mandado de prisão em aberto, um deles pela morte de um agente penitenciário. Segundo a Polícia Civil disse à epoca, ela é responsável por ordenar diversas execuções na Bahia, principalmente na região de Vitória da Conquista, Sudoeste baiano, e era tida como líder da facção Bonde do Neguinho (BDN).
Época da prisão Após ser descoberta na cidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo, ela acabou presa junto com o namorado, Márcio Faria dos Santos, o Carioca, uma das lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC). A dupla foi detida numa operação especial empreendida por policiais baianos do Draco, Depin e inteligências da Polícia Civil e da SSP, em São Paulo.
Jasiane foi trazida à Bahia num traslado aéreo sob forte segurança empreendida por equipes do Grupamento Aéreo da PM (Graer) e dos departamentos de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) e de Polícia do Interior (Depin). Segundo a SSP-BA, a criminosa é responsável diretamente por dezenas de homicídios, roubos, tráfico de drogas e armas, além de corrupção de menores. Ela figurava a carta Dama de Copas do famoso Baralho do Crime da secretaria. (Foto: Divulgação/SSP) Em novembro de 2019. o STF concedeu habeas corpus a Jasiane Teixeira, mas MP pediu prisão preventiva no mesmo dia.
Depoimento exclusivo ao CORREIO ao ser presa Após a coletiva de impresa em que foi apresentada depois de ser presa, Jasiane conversou com o CORREIO sobre sua situação e negou o vulgo a ela atribuído. “Meu nome é Jasiane Silva Teixeira. Desconheço esse vulgo Dona Maria. Se eu quisesse um vulgo, não seria esse. Isso foi através de uma escuta telefônica. Meu finado marido fazendo uma brincadeira, e já saiu uma reportagem assim que ele morreu [dizendo] 'viúva de fulano de tal, Dona Maria'... Desconheço esse vulgo. Foi através de uma escuta telefônica. E a partir daí colocaram uma fama em mim da qual eu desconheço”.
Ela negou ser uma das principais traficantes do país. "Se eu fosse tudo isso que falam, não estaria aqui, algemada. Estaria falando aqui na presença de advogados. Vim aqui, botar a cara, para dizer que não sou tudo isso. (...) Eu não sou um monstro, eu não sou um bicho. Eu sou um ser humano qualquer e sei que vou transformar minha vida, e que Deus vai transformar minha vida", finalizou. 'Dona Maria' escreveu carta após ter soltura negada (Foto: Reprodução) "Eu não sou um monstro, eu não sou um bicho. Eu sou um ser humano qualquer". A declaração também foi feita por Jasiane ao CORREIO, em setembro do ano passado. Líder da facção Bonde do Neguinho (BDN), ela foi apresentada à imprensa na manhã do dia 30 de setembro, na sede da Polícia Civil, na Piedade. Após ser descoberta em São Paulo, ela acabou presa junto com o namorado, uma das lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Leia também: Líder de facção, Dona Maria diz estar grávida e anuncia livro sobre sua vida
Dona Maria, como ficou conhecida no meio policial ao assumir o posto do ex-marido morto em confronto com a polícia, responde a três processos criminais, todos com mandado de prisão em aberto, um deles pela morte de um agente penitenciário. Ainda segundo a Polícia Civil, ela é responsável por ordenar diversas execuções na Bahia, principalmente na região de Vitória da Conquista, Sudoeste baiano.
À polícia, Dona Maria disse estar grávida. Mas, para o delegado, é uma tentativa dos advogados dela para conseguir algum tipo de vantagem, a exemplo da prisão domiciliar.
“Na sexta, ela veio com a informação de que estava grávida e então a gente solicitou a perícia para que fizesse coleta de material para confirmar a versão, mas ela não quis. A gente acredita que ela está trazendo uma informação inverídica nesse sentido, mas a gente vai fazer a confirmação, até porque, se ela estiver grávida, não vai conseguir esconder. Ela tem dois filhos pequenos, mas não vivem com ela”, disse Sansão.
Sabatinada pelos jornalistas, Jasiane respondeu algumas perguntas na maior tranquilidade. Em outras situações, ela usou o deboche. No final, disse que pretende lançar um livro para contar sua trajetória. Sobre as acusações de ser a líder do BDN, da compra de um avião, ela disse “desconhecer”.
“Eu quero dizer que isso é holofote em cima de mim. Eu sou uma simples mulher como outra qualquer que me deram uma fama que desconheço. Estou aqui por captura, porque tinha uma sentença a cumprir. Eu não me declaro inocente, porque a partir do momento que a polícia determina a prisão de uma pessoa, algo tem, mas estou vendo um holofote muito grande”, disse.
Ela afirmou reconhecer apenas uma de inúmeras acusações: associação para o tráfico. Segundo a polícia, ela responde processo também por tráfico e homicídio, neste caso, a morte de um agente penitenciário em Jequié.“Aonde estão esses milhões? Se eu tivesse esses milhões, estaria presa? Estaria desse jeito. Cadê o luxo? Nossa, como vocês são, heim? Adoram fazer burburinho. Estou famosa mesmo. Vocês gostam, né? (...)", disse ela.Sobre ter se recusado a fazer um exame para confirmar a gravidez, ela não quis confirmar. "Estou com suspeita de gravidez. Vocês querem realmente saber? Mas eu não vou falar, para mim já deu. O certo seria falar na presença de minha advogada. Desde o dia que fui presa, não deixaram falar com ela. Não me consideraram uma ligação”, afirmou.
Segundo Dona Maria, sua renda era fruto da pensão da mãe. “A minha mãe foi casada com um desembargador e recebe uma pensão", declarou.
Após a coletiva, falou ao CORREIO sobre sua situação e negou o vulgo a ela atribuído. “Meu nome é Jasiane Silva Teixeira. Desconheço esse vulgo Dona Maria. Se eu quisesse um vulgo, não seria esse. Isso foi através de uma escuta telefônica. Meu finado marido fazendo uma brincadeira, e já saiu uma reportagem assim que ele morreu [dizendo] 'viúva de fulano de tal, Dona Maria'... Desconheço esse vulgo. Foi através de uma escuta telefônica. E a partir daí colocaram uma fama em mim da qual eu desconheço”.
Ainda de acordo com a polícia, além da Bahia, o BDN tem atuação em Minas Gerais e São Paulo. "A droga e as armas vinham da Colômbia, Venezuela, Peru e Bolívia para Vitória da Conquista, que era o centro de distribuição da facção. Tudo sob os olhares de Dona Maria", declarou o delegado Marcelo Sansão, diretor do Draco.Ela negou ser uma das principais traficantes do país. "Se eu fosse tudo isso que falam, não estaria aqui, algemada. Estaria falando aqui na presença de advogados. Vim aqui, botar a cara, para dizer que não sou tudo isso. (...) Eu não sou um monstro, eu não sou um bicho. Eu sou um ser humano qualquer e sei que vou transformar minha vida, e que Deus vai transformar minha vida", finalizou.Ficha corrida Além do tráfico de entorpecentes, Dona Maria está envolvida, segundo a SSP, em dezenas de crimes como homicídios, roubos, corrupção de menores, falsidade ideológica, entre outros delitos. Ela atuava junto com o marido Bruno de Jesus Camilo, o 'Pezão', desde 2008, quando foram presos por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo.
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Beneficiada com medida judicial que lhe garantiu liberdade provisória em 2009, quando participou da execução do agente penitenciário do Presídio de Jequié, a pedido do seu marido. No ano seguinte, Pezão também ganhou liberdade provisória e foi morar na cidade de Santa Cruz Cabrália com Dona Maria.
Ainda de acordo com a SSP, a dupla permaneceu praticando tráfico de drogas e, durante diligências, em 2014, Pezão entrou em confronto com a polícia e acabou morrendo. Jasiane conseguiu fugir de Santa Cruz Cabrália, assumiu a liderança da quadrilha e, em homenagem ao ex-companheiro, batizou o grupo criminoso de Bonde do Neguinho.
Baralho do Crime Procurada pelas equipes da Polícia Civil de Vitória da Conquista, Dona Maria entrou no Baralho do Crime da SSP em 2017. "Fizemos a inclusão, pois ela mudava frequentemente de cidade e estado. Com a ampla divulgação da ferramenta na mídia, muitas denúncias chegaram, comprovando que ela transitava por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais", contou o diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin), delegado Flávio Góis.
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Capturada no interior de São Paulo, no dia 25 de setembro de 2019, Jasiane namorava um integrante do PCC e ordenava as movimentações da quadrilha na Bahia. Em 20 de outubro do ano passado, policiais civis de Vitória da Conquista interceptaram um avião que transportava cocaína pura.
"A aeronave pertencia a Dona Maria e era utilizada em vôos internacionais para comércio de entorpecentes. Estamos trabalhando para prendermos o segundo escalão", informou o diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Marcelo Sansão.