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Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
“Nunca diga ‘não’ quando estiver bravo, nem ‘sim’ quando estiver eufórico.” Assim diz o ensinamento que se transmite há gerações na minha família. E da mesma maneira que o assimilamos na teoria, na prática a gente desgraça é tudo. É que quando a porca torce o rabo – ou seja, quando nossa mente se aperta – não tem sangue frio nem calculismo que dê jeito.>
Este 2018 foi assim, um ano de extremos. De pressão vindo de todas as direções. Ano complicado para ser holofote, para ter opinião, para mexer com a massa. No futebol, o calendário já reservava emoções com a Copa do Mundo e um Brasileirão sabidamente complicado. Mas aí...>
Bem, aí, faltou juízo na hora H. Se nas CNTP a mente já é posta à prova, imagine quando o sofrimento é fruto de autopenitência. E pra quem não faz um “O” com um copo em matéria de “hum, o que será que pode vir depois disso?”, o prejuízo foi catastrófico. Acompanhe a seguir a mini-cronologia.>
Nem bem fevereiro surgia – era, portanto, o primeiro domingo do ano, pois o Carnaval tinha acabado de passar – ecoou nos quatros cantos em menos de um minuto a injúria do Ba-Vi da vergonha. Ah, as agruras da mente esquálida... Subiram hashtag, dito zagueiro saiu em posição de “boquicéu” com a torcida, os de três cores pesaram em cima de com força até o apagar do ano, com direito a bis em 2019, porque o que era um clássico mais-um virou divisor de águas. Pra lá, vida-que-segue; pra cá, a insignificância.>
A insistência com Mancini, o encantador de abestalhados, pode ser colocado nesta lista. Talvez se lutasse para que não se cedesse ao balançar-e-cair de técnicos típicos de terra brasilis, mesmo que o galo do óbvio ululante cantasse pra ele ir se arrumar em outro terreiro.>
O feito, claro, não é exclusividade de terras baianas. Veja o que decidiu Lopetegui, técnico da seleção espanhola. Revelou ter contrato com o gigante Real Madrid e foi demitido da seleção em solo russo, para menos de 3 meses depois ser demitido do próprio time madrilenho. O tilintar dos cifrões num contrato também nos cegam. Eufórico, disse sim.>
Ou que tal o caso de Tite, que insistiu com Willian mesmo contra todos os arranjos de que o negócio não ia dar certo? Foi ele aparecer na TV falando que seu ponta era o “foguetinho” e, pronto, ali estava sacramentado o destino da seleção canarinho. No apelido carinhoso do chefe fazia renascer cenário similar ao que fora Felipão e Bernard, o alegria nas pernas, de 2014. Ah, os sinais...>
Ao fim deste montanha-rússico ano de 2018, a parte campeã da Bahia aproveita para espezinhar a outra parte, nada campeã e rebaixada. Veem os dois do Ceará pedir passagem, com dois representantes na Série A, algo que desde nunca acontecia. Para os tradicionalistas, pelo menos não é Pernambuco, rival de tradições regionais. Me reto: e isso lá é consolo? Aonde?>
Que se aproveite a pausa da bola rolando para colocar a cabeça no travesseiro e se vislumbre um 2019 mais festivo para o ludopédio baiano como um todo. Só que, no meio dos desejos de “agora vai”, há uma barreira especialista em apertar mentes: a incompetência. Rezemos, pois, pela sorte. Mas, sorte por sorte, prefiro a Mega da Virada, que pelo menos o meu, eu garanto. Sabe como é, farinha pouca, meu pirão primeiro. Gabriel Galo é escritor>