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Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2022 às 22:01
A americana Marsha Hanzi vive em Tucano, no interior da Bahia, aos 76 anos. Na cidade que chove pouco, em região de Caatinga, ela tinha o desejo de criar jardins e produzir alimentos de maneira sustentável, desde 2002. Durante 10 anos, tentou, mas nada funcionava. A história foi contada pelo UOL.>
Nascida na Flórida, Estados Unidos, e viveu na Inglaterra e na Suíça, ela começou a cultivar hortas orgânicas, e foi quando se apaixonou pelo manejo de terra. Mudou-se para São Paulo nos anos 70, com o marido. Entre 80 e 90, foi a primeira pessoa a utilizar no Brasil a técnica da permacultura, que ensina formas de organizar a plantação, animais e pessoas para criar um ecossistema em um espaço delimitado.>
Em 93, fundou um instituto de permacultura na Bahia, e conseguiu comprar um sítio em Tucano, contra a vontade de seu marido. O casal se divorciou após 30 anos de casamento, ela aos 56 anos.>
As dificuldades da vida se intensificaram com as dificuldades que teve com a terra. Nos meses mais quentes, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já registrou 60 °C no solo da Caatinga, e o solo, arenoso, junto com o clima semiárido não auxiliaram. "Eu comprei a terra por romantismo, mas era um jogo de futebol totalmente diferente da região de mata, com outras regras e outros jogadores", diz Marsha ao portal.>
Método>
Mas como falhar não era uma opção, ela foi à luta. Com dificuldades para manter a umidade em todo o terreno, começou o uso da prática convencional da agrofloresta, em conjunto com a criação de animais. Também manteve as árvores do proprietário anterior, como catingueiro, cajueiro e licurizeiro, para gerar frutos e sombra. Plantas adaptadas dividiam espaço para o plantio de frutas e vegetais.>
Resolveu plantar capim sob a sombra das árvores para esperar a chuva. Não deu em outra: o capim cresceu e as vacas puderam ser alimentadas. Suas salivas aceleravam a atividade orgânica na terra, por conta dos micro-organismos.>
Após a alimentação, as vacas são levadas a cada três dias para um espaço diferente, para não pisotearem ou ingerirem as plantas que crescem no esterco, que vira adubo. Esse material é usado nas plantações para fortalecer o solo. O capim também ajuda a reter a umidade.>
As árvores mais resistentes ao calor alimentavam o gado com seus frutos, para a espera do crescimento de novo capim. "Eu precisei pensar em um sistema dentro de um sistema", continuou. O ciclo se repete, como uma floresta.>
Marsha, hoje, consegue ser autossuficiente em comida orgânica e carne e dá cursos e almoços para universitários, estagiários, agricultores e hóspedes, que geram dinheiro para pagar funcionários.>
Para a aparência, ela criou caminhos com flores, cactos e plantas em tamanhos e formatos diferentes da Caatinga, inspirada pelos formatos e cores são os jardins da Inglaterra.>
"Se combinarmos plantas diferentes de uma forma exuberante, mas organizada, pode ser um efeito que toca em algo mais profundo nas pessoas", acrescenta. "Eu tenho esperança de que isso [o sucesso de sua 'floresta'] agora possa incentivar os vizinhos da região", diz.>