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Luan Santos
Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 13:59
- Atualizado há 2 anos
Em uma sessão turbulenta, a Assembleia Legislativa aprovou nesta quarta-feira (12) a reforma administrativa do governador Rui Costa (PT). Com isso, a contribuição previdenciária dos servidores sobe de 12% para 14% e o repasse do governo no Planserv reduz de 4% para 2%. O texto proposto pelo governo foi aprovado com 38 votos de deputados governistas, de um total de 63 parlamentares.>
Cinco deputados da base do governo não compareceram: Ivana Bastos (PSD), Paulo Câmera (PR), Marcelino Galo (PT), Euclides Fernandes (PDT) e Samuel Júnior (PDT). Os 19 da bancada de oposição abandonaram o auditório antes da votação. Com quórum suficiente, o texto passou por unanimidade entre os presentes, em 10 minutos.>
Veja quais deputados aprovaram mudança previdenciárias e no Planserv>
A extinção de Conder, Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic) e o Centro Industrial de Subaé (CIS) também foi aprovada. Contudo, os servidores da Conder seguem em negociações com o governo. Caso haja acordo, Rui pode vetar a extinção do órgão. A reforma ainda prevê a extinção de cerca de 800 cargos comissionados.>
Já a PEC do teto vai ser votada segunda-feira (17), em primeiro turno, e sexta-feira (21), no segundo. O projeto quer determinar os ganhos do governador como teto salarial no funcionalismo do estado - hoje, a remuneração de Rui está em R$ 22,4 mil. Segundo o petista, não haverá redução de salários. >
Projeto polêmico O PL 22.971/2018 aumenta a contribuição do servidor público para a Previdência de 12% para 14%. Na prática, segundo os servidores, o incremento será de quase 17% no valor líquido do salário.>
“Nós já estamos há 4 anos sem reajuste e temos a previsão de mais 4. Nunca vimos um governo em que o salário dos servidores tenha diminuído. Agora eles querem tirar mais 2% do salário para a Previdência. Quem quebrou a Previdência não fomos nós. Foi a contratação que ele fez e inflação de salários que algumas categorias receberam”, afirmou Diana Simões.>
A redução do repasse para o Plano de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos da Bahia (Planserv) de 4% para 2%, o que significa na prática uma redução anual de R$ 200 milhões em repasses, também foi alvo de indignação conjunta dos servidores. >
A Frente em Defesa do Servidor criticou o “excesso” de contratação de pessoas por terceirização e por Regime Especial de Direito Administrativo (Reda). “Como estes trabalhadores contribuem para o Regime Geral da Previdência Social, e não para o Funprev, isso reduz drasticamente o número de contribuições tornando o volume insuficiente para os novos aposentados”, diz em nota.>
PRINCIPAIS MUDANÇASContribuição previdenciária>
Como é hoje Os servidores estaduais contribuem com 12% de seus rendimentos para a Previdência. Como fica com o PL A alíquota da Previdência sobe de 12% para 14%. Os servidores argumentam que, na prática, o percentual chega a 16,7% no salário líquido. Servidores ainda têm dúvida com relação a quais categorias entram na mudança e se isso de fato atingirá o salário líquido. >
Planserv>
Como é hoje Atualmente o governo repassa R$ 400 milhões anuais para o plano de saúde do funcionalismo. >
Como fica com o PL Com a nova lei, o repasse estadual irá diminuir pela metade. Os servidores não sabem de que forma isso irá atingí-los. Argumentam que o preço do plano pode aumentar, que beneficiários podem ser retirados do alcance do plano e que o Planserv pode acabar sendo sucateado e terceirizado. O governo nega todas as possibilidades e afirma que o plano irá melhorar, com a realização de novas auditorias administrativas. >
Reforma administrativa >
Como é hoje Cerca de 800 pessoas que hoje estão empregadas de forma comissionada poderão perder seus empregos. Além disso, o Centro Industrial Subaé (CIS) e a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic) existem. A Bahia Pesca também.Como fica com a PEC Os 800 cargos comissionados devem ser extintos. O Centro Industrial Subaé (CIS) e a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic) serão extintos. Ainda não há definições sobre o destino da Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), que também constava na lista. A Bahia Pesca, por sua vez, deverá ser privatizada ou passará a ser gerida por meio de parceria público-privada (PPP). Outros nove órgãos serão reestruturados. Ainda não se sabe como ficarão os órgãos após a nova definição do governo ou o impacto disso para a prestação de serviço para a população.>
Confusão ontem A ideia era equacionar o rombo nas contas, mas a votação de um conjunto de medidas administrativas e econômicas encaminhadas pelo governo do estado para a Alba funcionou como gasolina em palha seca. Cerca de mil servidores ocuparam o plenário Orlando Spínola da Alba em protesto contra as proposições e pedindo que os projetos fossem retirados de pauta. Durante o ato, uma porta de vidro do saguão de acesso ao plenário foi quebrada pelos manifestantes.>
O presidente da Alba, Angelo Coronel (PSD), chegou a anunciar que a votação seria realizada ainda ontem no Auditório Jornalista Jorge Calmon – local alternativo ao plenário que estava ocupado pelos servidores – mas ele voltou atrás após ter sido pressionado por representantes do funcionalismo e deputados estaduais da oposição, que anunciaram a discordância e pediram adiamento da votação. Os servidores decidiram permanecer acampados na Assembleia para tentar impedir a votação prevista para hoje. >
Durante a invasão, os servidores faziam duras críticas ao governador Rui Costa e a sua gestão. “Em outubro, as contas estavam lindas. Como agora ele anuncia essas medidas? O governo contrata reda e terceirizados e agora nós pagamos a conta?”, criticou Diana Simões, da Frente em Defesa do Servidor e do Serviço Público (FDSSP). >
Menos dinheiro A servidora de saúde Marília de Assis, 59 anos, afirmou que teve R$ 1.500 de redução no salário líquido em três anos. “Retiraram o nosso índice de insalubridade e aumentaram a taxa do Planserv. Tudo isso pesa no nosso bolso. Enquanto isso não temos reajuste”, lamentou.>
Assim como ela, dezenas de servidores externavam suas dúvidas e inseguranças com relação às medidas anunciadas pelo governo. “Existem muitos servidores que ganham abaixo do salário mínimo. Enquanto outros tiveram seus salários triplicados. Enquanto isso, o governo cortou nossa insalubridade, aumentou o valor do Planserv e agora quer diminuir os repasses. A gente está pagando a conta da má administração do estado”, disse a servidora de saúde Emídia Oliveira, 45 anos.>
Saúde Em nota, a Secretaria da Administração do Estado da Bahia (Saeb) afirmou que a alteração na lei “não irá interferir na qualidade dos serviços” do Planserv. O texto também garante que o projeto não prevê a alteração na contribuição dos servidores para o plano. Também não há a previsão de alteração nas regras de adesão ao plano, de coparticipação ou alteração na franquia de consultas. O que não está dito na nota é como a administração estadual pretende manter o serviço, uma vez que pretende reduzir os recursos aportados. >
Os projetos de lei foram encaminhados pelo governador Rui Costa na última quinta-feira. Em todas as mensagens, Rui pedia regime de urgência, o que acelera a votação do projeto. Na prática, eles não passam pelas comissões da Casa.>
Além da velocidade com que as pautas estão sendo votadas, os servidores ainda ressaltam a forma com que essas emendas são posicionadas dentro do texto. “O aumento da alíquota da Previdência, por exemplo, está embutido em um projeto de lei sobre outra coisa. A do Planserv não fica claro e não explica o que acontecerá. Temos uma insegurança”, disse Diana Simões.>
Nova votação A votação adiada ontem por Coronel deve ser hoje realizada em uma sessão extraordinária, marcada para as 9h45. Assim como foi anunciado ontem, o local da sessão pode ser o auditório, caso o plenário continue ocupado pelos manifestantes. Os projetos de lei serão analisados em regime de urgência. >
Ao anunciar o encerramento da sessão, Angelo Coronel afirmou que a Casa está aberta para manifestações pacíficas, “mas quando tiver quebra de vidros e de cadeiras, vira baderna”. Durante a manifestação ontem, um reforço no contingente policial foi visto pela equipe de reportagem no local.>
Para acompanhar a sessão de hoje, as lideranças dos servidores acordaram em manter uma equipe de pelo menos 200 pessoas no plenário, que devem passar a noite na Casa, e pedir reforços para as categorias na manhã de votação. >
Eles manifestaram o receio de sair do local e não conseguirem retornar para acompanhar a votação pela manhã, por conta do contingente de policiais que se posicionou no prédio.>
Base defende as medidas Os integrantes da base aliada do governo estadual sabem que as medidas enviadas para a Assembleia são polêmicas e impopulares. O líder do governo, Zé Neto (PT), argumentou que o pacote apresentado por Rui Costa é amargo, mas necessário. Ele diz que será feito um esforço para que a votação ocorra hoje e para que a PEC do teto seja apreciada ainda na próxima semana. >
“Temos um estado que aposentou 23 mil pessoas nos últimos anos. Uma situação difícil”, pondera, acrescentando que “a medida é para que não tenhamos que aumentar impostos”.>
Ele argumenta que o impacto da rearrumação “dentro de casa” é menor do que as outras opções que o governo tinha em mãos. “Nós podíamos fazer isso na administração ou mexer na vida de todos os baianos. Essa foi a nossa opção”, afirmou.>
O líder da oposição, Luciano Ribeiro, criticou a rapidez com que o projeto está sendo votado. “Vamos continuar com nossa discussão. Estamos fazendo dentro do regimento com prerrogativas regimentais. Nós queremos que a urgência seja retirada, porque queremos que o projeto passe por todas as comissões”, disse, ressaltando que a medida é tomada após um período de “propaganda positiva” das contas do governo, durante a eleição. >
Os projetos que estão afligindo os servidores do estado foram encaminhados para a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) no dia 29 de novembro. No total, três projetos de lei, com solicitação de regime de urgência, foram enviados para a casa pelo Executivo.>
Um deles, o Projeto de Lei 22.975/18 extingue órgãos do governo e 800 cargos comissionados da administração estadual. >
Dentre as extinções estão Centro Industrial Subaé (CIS) e Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic). >
A Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder) estava na lista principal, mas a possibilidade está sendo discutida e o governo pode voltar atrás. >
“Nós temos redução salarial, congelamento de gratificações, temos quatro anos sem reajustes e nenhuma previsão de qualquer aumento no salário. Nós apresentamos propostas e opções para o líder do governo, deputado Zé Neto, mas não tivemos resposta”, afirmou Alaice Gomes, presidente da Associação de Praças da Polícia e Bombeiros da Polícia Militar da Bahia.>