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Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2022 às 13:33
- Atualizado há 2 anos
A advogada Yldene Martins, 41, conselheira estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Bahia, foi vítima de racismo por uma vizinha, que a chamou, dentre outras injúrias raciais, de “macaca negra”. O caso aconteceu em Vitória da Conquista, após a advogada solicitar a retirada do carro de outra moradora que ocupava a sua vaga de garagem.
O inquérito policial foi aberto na manhã da última sexta-feira (17), na 1ª Delegacia Territorial de Vitória da Conquista. De acordo com a Polícia Civil, Yldene relatou que o porteiro do condomínio impediu que a vizinha a agredisse fisicamente.
Segundo consta no boletim de ocorrência, obtido pela TV Sudoeste, a vizinha, identificada como Floraci Chaves dos Santos Coqueiro, teria xingado Yldene de nomes como "urubu negro", "cadela negra" e "negra vagabunda", antes de a tentar agredir com um chinelo. Nesse momento, ela teria dito "Eu vou dar uma surra agora nessa cadela negra, você me paga". Foi quando o porteiro interferiu.
A OAB saiu em defesa da profissional e manifestou "sua irrestrita solidariedade à jovem advogada". A Ordem destacou um entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), fixado em outubro do ano passado, que considera que o crime de injúria racial é espécie do gênero racismo, sendo, portanto, inafiançável e imprescritível, conforme o artigo 5º, inciso XLII, da Constituição Federal.
A Ordem e a Subseção de Vitória da Conquista repudiaram o racismo sofrido e reafirmaram a disposição de lutar pela promoção da igualdade racial e pela dignidade da pessoa humana.
"É inadmissível que no Brasil, maior nação negra fora do continente africano, tenhamos que conviver com práticas cotidianas de opressão que negam direitos e tentam rebaixar o ser humano pela cor da sua pele, origem, raça ou etnia", diz pronunciamento.
De acordo com a OAB, Yldene Martins já está sendo acompanhada pela Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Subseção de Vitória da Conquista e terá o apoio da Subseção e da Seccional baiana da instituição.
A reportagem não conseguiu localizar a acusada, nem sua defesa, para comentar o caso.