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Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2019 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
Com a confirmação de quatro casos importados de sarampo na Bahia - um da Espanha, dois de São Paulo e um de Minas Gerais -, as cidades turísticas estão sendo o foco das ações para coibir a expansão da doença no estado.>
Ilhéus, no sul baiano, é uma das que realizam o bloqueio em pontos de entrada e saída de turistas. O secretário de saúde do município, Geraldo Magela, explica que as equipes de saúde estão oferecendo vacinas contra sarampo no Aeroporto Jorge Amado e na rodoviária da cidade.>
“No aeroporto agimos no horário dos voos. Na rodoviária, é no período comercial, mas queremos estender. Ofertamos para quem está saindo para Salvador e para São Paulo. Também tem vacinação para quem chega, e os estrangeiros estão recebendo bem a campanha”, afirmou.>
Dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) mostram que 367 casos de sarampo já foram notificados em 117 municípios. Destes, 178 permanecem em investigação - o número anterior era de 103 casos investigados. Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) investiga 52 casos suspeitos da doença.>
Estratégia O bloqueio vacinal é uma das estratégias do Ministério da Saúde para evitar a expansão da doença. Por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, os estados e municípios são orientados a vacinar todas as pessoas que tiveram ou têm contato com um caso suspeito em até 72 horas. A pasta ressalta que não há necessidade de vacinar novamente as pessoas que já estão imunizadas e têm comprovação vacinal.>
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas Boas, são realizadas ações de bloqueios nas cidades turísticas e nos pontos de chegada de visitantes, como aeroportos e rodoviárias. “Somos um estado que não tem transmissão ativa. Nós nos preocupamos com as cidades turísticas que possuem um maior fluxo de pessoas provenientes do estado de São Paulo”, afirmou ele.>
Durante a reunião da Comissão Intergestora Bipartite (CIB) dessa quinta-feira (25), o secretário ressaltou ainda que é mais fácil controlar a doença enquanto os casos não são autóctones, ou seja, não têm origem no estado. O último caso originário da Bahia ocorreu em 1999. Já em 2011, a cidade de Porto Seguro havia notificado o último quadro confirmado de sarampo importado até este ano, de acordo com a Sesab.>
Cobertura vacinal A superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde, Rivia Mary de Barros, afirma que intensificar a vacinação é o passo mais importante, já que é necessário alcançar uma cobertura vacinal mínima de 95% da população.“O importante é ter uma cobertura homogênea no estado porque quando um município tem uma boa cobertura e o outro não tem, isso enfraquece todo o sistema”, informou ela.Rivia disse ainda que, além das cidades turísticas, também é importante se atentar aos municípios que fazem fronteira com outros estados.Uma das cidades que tem cobertura abaixo da meta é Santa Bárbara, que possui apenas 51% da população vacinada, de acordo com a secretária de saúde, Jacklene Gonçalves. “As pessoas pensam que vacinar é quando está pequeno, depois não, só procuram com casos confirmados. É uma questão cultural”, disse ela sobre o porquê da baixa vacinação contra o vírus.>
A presidente do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems-BA) e secretária de saúde de Itaparica, Stella Souza, ressalta que o caminho para o combate à doença é a vacinação. “De 2015 para cá vem caindo a cobertura. Com a queda da cobertura, umas janelas começaram a abrir. Primeiro, o vírus vem importado e depois começa a se espalhar. A corrida é cobrar a população para se vacinar”, afirmou.>
Em 2015, de acordo com dados do Tabnet/Datasus, a cobertura da primeira dose da tríplice viral na faixa etária de um ano era de 90,18%, enquanto a da segunda etapa era de 78,54%. Até agosto de 2019, a porcentagem da faixa etária que recebeu a primeira dose é de 63,58%, enquanto apenas 49,74% dos baianos com a idade foram imunizados com a segunda etapa de vacinação. Os dados deste ano são do SI-PNI/Datasus.>
Para garantir a prevenção, o Ministério da Saúde indica a aplicação de doses extras contra o sarampo em todas as crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias. Para os 13 estados que estão em situação de surto ativo de sarampo, vão ser destinadas 960.907 doses.>
“Estamos fazendo um processo ativo de vacinação e orientação para que a população vacine principalmente as crianças entre seis meses e um ano”, disse o secretário da Bahia. A presidente do Cosems-BA afirmou que é necessário dar atenção para a faixa. “A estratégia é vacinar as crianças de seis meses a um ano. Como teve caso de sarampo na faixa, estamos fazendo um intensivo para essas crianças”, afirmou.>
No dia 23 de agosto, ocorreu a segunda reunião extraordinária da CIB em 2019. No encontro, os secretários de saúde dos municípios baianos debateram Imunização, Doenças Imunopreveníveis e Arboviroses - um dos focos da reunião foi a vacinação contra o sarampo.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro>