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Acabou Chorare: desbunde literário

Livro aborda história do antológico disco dos Novos Baianos

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 15 de julho de 2017 às 06:00

 - Atualizado há 2 anos

A obra traz textos de Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Xico Sá, Evando Nascimento, Carlos Rennó (Foto: reprodução)Um livro sobre um disco. Essa é a proposta do livro Acabou Chorare, que se debruça sobre o antológico disco homônimo dos Novos Baianos, lançado em 1972. Idealizado pela pesquisadora Ana de Oliveira, o lançamento da editora Iyá Omin reúne uma série de textos e projetos visuais que reinterpretam ou  se inspiram nas composições do  LP dos Novos Baianos para revelar riquezas ainda escondidas e jogar novas luzes sobre a obra que assumiu importância fundamental na história da música e da própria cultura brasileira.A obra traz textos de Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Xico Sá, Evando Nascimento, Carlos Rennó, Hermano Vianna, Beatriz Azevedo, André Masseno e Fred Góes, enquanto Vik Muniz, Tulipa Ruiz, Opavivará!, Joana César, Alemão, Odyr, Domenico Lancellotti, André Vallias, Bel Borba e Gen Duarte colaboram com as criações  visuais que comentam as dez canções da obra original. Entre elas, clássicos como Brasil Pandeiro, Preta, Pretinha, Acabou Chorare e Besta É Tu. De acordo com Ana de Oliveira, a pesquisa não investiga nem conta, propriamente, a trajetória do grupo, mas segue a mesma proposta editorial do livro Tropicália ou Panis et Circencis, sobre o disco-manifesto tropicalista, lançado em 2010. “Aquele foi o primeiro livro, no Brasil, sobre um disco específico. O Acabou Chorare segue o mesmo conceito editorial, é o segundo título de nossa série de livros sobre discos”, esclarece a autora, enfatizando que, nesse tributo,  o projeto editorial apostou na diversão e no caos. “Queríamos algo que se aproximasse do espírito libertário do grupo e seu estilo de vida heterodoxo. Formamos, então, um painel bem diverso que reúne poema, crônica, prosa poética, análise comparativa, conto, pintura, desenho, grafite, colagem e arte digital. Já o layout, os materiais e a estrutura física do livro, com aquela lombada aparente, remetem às publicações da contracultura dos anos 70”.

Ela destaca que o trabalho iniciou em 2014, quando começaram a reunir o conteúdo histórico que compõe os capítulos memorialistas do livro: recortes de imprensa, depoimentos e curiosidades que relatam episódios esparsos da vida comunitária e da trajetória dos Novos Baianos. “Há inúmeras passagens para lá de bizarras e engraçadas na trajetória deles que, volta e meia, iam em cana por alguma confusão ou por puro preconceito de policiais”, conta.

A pesquisadora lembra, ainda, que como eram livres e despojados, chamavam a atenção pela excentricidade da aparência e o comportamento irreverente. O projeto gráfico de Acabou Chorare tem a assinatura de André Vallias e é inspirado nas publicações alternativas das décadas de 1970 e 1980. O lançamento tem patrocínio do Ministério da Cultura.