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Da Redação
Publicado em 29 de março de 2020 às 05:51
- Atualizado há 2 anos
Em tempos de Coronavírus, estamos redescobrindo o sentido de algumas palavras – por exemplo, o da palavra “solidariedade”. O que ela significa, todos conhecem: estamos nos referindo ao sentimento de identificação em relação ao sofrimento de outros; à consciência da responsabilidade recíproca; ao ato de ajudarmos pessoas desamparadas; a gestos de bondade e compreensão com o próximo; à união de propósitos entre os membros de um grupo etc.>
O projeto “Salvador unida” é uma expressão do sentimento de solidariedade da sociedade soteropolitana. Nasceu de forma simples – como simples nasceram grandes iniciativas que transformaram a vida humana. Surgiu como fruto de uma inquietação: como viverão, em tempos de Coronavírus – isto é, de isolamento das pessoas -, aqueles que têm mais de sessenta anos e são barraqueiros de praia? Assim, outros projetos poderão e deverão nascer nos bairros, para que outros grupos sejam assistidos. Afinal, como viverá aquela senhora que vivia sentada na calçada da Leovigildo Filgueiras vendendo frutas? E aquele vendedor de cocada, que cruzava os caminhos de quem mora no Terreiro de Jesus? E aquele sorveteiro da Vila Canária, e aquela vendedora de fitinhas do Bonfim, e aquele jovem que vendia água mineral em Pau da Lima? Enfim, como viverão os ambulantes e os trabalhadores informais?>
Esses irmãos e irmãs, mesmo depois de ouvir mil vezes a ordem: “Fique em casa!”, poderão ficar em suas casas? Viverão como? Viverão de quê?>
Em momentos como este, destacam-se dois grupos opostos. Em primeiro lugar, vemos que surge um que busca tirar vantagem da situação, perguntando-se como ter algum lucro diante das necessidades dos demais. O segundo grupo é formado por aqueles que buscam respostas criativas para ajudar os necessitados, pois sentem como suas a dor e as carências dos demais. Deixo o primeiro grupo de lado e concentro-me no segundo que, felizmente, é mais numeroso.>
Nosso carinho pelos necessitados pode ser expresso através de três verbos: ver, compadecer-se e cuidar. Como não nos lembrar, logo, das lições deixadas por Santa Dulce dos Pobres? Há muitas pessoas que estão precisando de nós neste preciso momento, mas é preciso vê-las e identificá-las; compadecer-se delas significará descobrir mil modos de ajudá-las; cuidar de suas necessidades será demonstrar que são muitas as possibilidades de ser um Bom Samaritano hoje.>
Mãos às obras. Os necessitados têm pressa. Unidos, construiremos uma Salvador que seja de todos e para todos.>
Dom Murilo Krieger é administrador apostólico da Arquidiocese de Salvador. >