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Gabriel Galo
Publicado em 15 de julho de 2020 às 00:00
- Atualizado há 2 anos
Nesta semana, a Bahia foi confirmada como sede única para que seja realizada a última rodada da fase de grupos e o mata-mata do Nordestão. As partidas serão disputadas em 7 estádios: Barradão e Pituaçu na capital, Joia da Princesa e Arena Cajueiro em Feira de Santana, Eliel Martins em Riachão do Jacuípe e CT Praia do Forte em Mata de São João. Felizmente, o obviamente correto prevaleceu, e a Fonte Nova, que ainda opera hospital de campanha em suas dependências, foi excluída da lista de locais para jogos.
Chega um momento em que, honestamente, não adianta mais lutar contra a reabertura de certas atividades. Uma vez que o Brasil decidiu por um isolamento fingido, aproximar-se da marca de 120 dias de vai-não-vai é insuportável, seja sanitariamente, seja financeiramente. A realidade é perversa: continuar como está significa arrastar a quarentena à eternidade. Infelizmente, não é possível dobrar a irresponsabilidade de quem, até agora, não percebeu a urgência do problema.
Resta aceitar pequenas vitórias. A decisão da sede única é um avanço, dado que evitar deslocamentos é condição para a contenção da contaminação. Ter garantido repetidos testes em massa em todos os envolvidos também é algo a ser comemorado. Até mesmo a entrada do Eliel Martins na lista de estádios é ponto positivo, uma vez que o campo da briosa Jacuipense precisa ser testado em jogos noturnos antes da Série C.
Mas se no Nordestão chegou-se a um consenso importante, o Campeonato Baiano está longe de oferecer tranquilidade.
Apesar do retorno anunciado pela FBF, Rafael Damasceno, o vice-presidente do Jacobina, último colocado da competição, é enfaticamente contra. Em seus argumentos, não apenas acredita não ser o momento, como elenca questões mais técnicas para a volta. Alega não ter sequer elenco e local para treinar e alerta para judicialização do tema.
A insegurança jurídica é só mais um caso num ano complicado para os estaduais. No Rio de Janeiro, por exemplo, as finais do Carioca são bode expiatório para implodir contratos vigentes de televisão. Assim, entre brigas, judicializações, ameaças, desrespeito aos contratos e à vida, 2020 apenas agrava o que é recorrente na gestão do futebol.
A exceção honrosa é justamente a coesão da decisão do Nordestão, que opera como liga de clubes. Está na união dos clubes e na definição razoável de caminhos a receita para que o retorno ocorra com o mínimo possível de problemas.
Esta é mais uma demonstração da força vital da Copa do Nordeste para fortalecer o futebol da região. Unidos, seus membros são mais fortes e provêm algo inimaginável no Brasil do momento: bom senso.
Portanto, se não há jeito, que o futebol volte certo. Se der errado, que se recue e se reavalie. E que se entenda, principalmente, que a interação de ideias e o pensamento coletivo são o jeito para que a razão retome seu espaço como premissa de decisões.
Gabriel Galo é escritor. Texto publicado originalmente no site Papo de Galo.