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Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2021 às 11:48
- Atualizado há 2 anos
Quase um terço dos médicos-veterinários da Bahia pegaram covid-19, aponta um levantamento feito pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV-BA). Segundo o estudo, 32% da cateogoria atuante no estado contraiu a doença. Esse número é quatro vezes maior que a prevalência registrada na população geral da Bahia, de 8,1%, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS).
A maioria dos casos ocorreu no primeiro semestre de 2021 nas formas moderada e severa e 48,3% dos profissionais acometidos pela doença tiveram de se afastar do trabalho por mais de 15 dias. Destes, 10% tiveram sequelas graves. A pesquisa foi feita com 350 médicos baianos.
“O recorte apresentado no levantamento mostra o alto risco de exposição a que estão submetidos os médicos-veterinários e o quanto esses profissionais essenciais precisam ser assistidos pelo sistema de saúde e incluídos nas políticas públicas voltadas aos profissionais da área da saúde”, destaca o médico-veterinário José Roberto Pinho de Andrade Lima, coordenador do estudo.
Os médicos-veterinários são reconhecidos pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) como profissionais da saúde desde 1998. Eles também foram identificados pelo Ministério da Saúde como linha de frente no combate à covid-19, através da Portaria nº 639, em 31 de março de 2020. Porém, foram excluídos da campanha de vacinação contra o coronavírus em diversos estados do país, entre eles, a Bahia.
A capital, Salvador, só iniciou a imunização dos médicos-veterinários após decisão judicial, em maio de 2021, enquanto os demais profissionais da saúde estavam sendo imunizados desde janeiro. O resultado dessa exclusão revela o estudo, é que, até o mês de agosto, 10% dos médicos-veterinários ainda não haviam tido acesso à vacina, enquanto outros 24% registram a perda de algum familiar por covid-19.
Renda do médico-veterinário é comprometida Embora 70% dos profissionais pesquisados tenham mantido as atividades presenciais durante as fases mais críticas da pandemia, e 86% desses profissionais tenham tido alta exposição à doença, o estudo revela uma disparidade na relação trabalho x renda. Enquanto 41% dos entrevistados tiveram a carga de trabalho aumentada no período, 34,3% viram a renda despencar no mesmo período.
Para o coordenador do estudo, “os números mostram que embora tenhamos um mercado aquecido, com profissionais muito dedicados e qualificados, temos ainda uma grande desvalorização do profissional médico-veterinário pelos agentes empregadores e clientes de um modo geral e este é outro fato que precisamos reverter”, pontua.
Para o Conselho, esses resultados reforçam a importância do planejamento e treinamento antecipado para enfrentar situações de crise sanitária. Realizado entre os meses de julho e agosto de 2021, o levantamento ainda apontou que o maior percentual de médicos-veterinários do estado está em Salvador e Feira de Santana, com atuação na clínica e cirurgia de pequenos animais. Durante o período da pesquisa, cinco mortes de médicos-veterinários foram registradas pelo CRMV-BA, sendo três na capital e duas no interior do estado.