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Carol Neves
Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 12:33
Pesquisadores observaram ratos realizando ações semelhantes a primeiros socorros para salvar um companheiro desmaiado, sugerindo que o comportamento de cuidado pode ser mais comum entre os animais do que se imaginava. O estudo, publicado na renomada revista "Science", mostrou que os roedores tentaram diferentes métodos para reanimar um rato sedado, até que ele recuperasse a consciência. >
No experimento, os cientistas colocaram dois ratos em uma gaiola e sedaram um deles. Ao perceber que o companheiro estava inconsciente, o outro rato começou a agir: primeiro, deu patadas; depois, mordeu; e, em seguida, puxou a língua do colega para desobstruir suas vias aéreas e permitir que ele respirasse. Em um dos testes, os pesquisadores introduziram uma pequena bolha de plástico na boca do animal sedado, e o rato que prestava socorro retirou a bolha, permitindo que o outro voltasse a respirar. >
Segundo Guang Zhang, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, a ação não é uma técnica de ressuscitação cardiopulmonar (RCP). "É mais como usar sais de cheiro forte ou um tapa para acordar alguém ou realizar os primeiros socorros básicos para garantir que uma pessoa inconsciente possa respirar", explicou. >
Os cientistas monitoraram o cérebro do rato que prestava socorro e descobriram que o comportamento era conduzido por neurônios liberadores de ocitocina nas regiões da amígdala e do hipotálamo. A ocitocina, conhecida como "hormônio do amor", está envolvida em comportamentos de cuidado em diversas espécies de vertebrados. >
Outro ponto destacado no estudo é que o comportamento de socorro parece ser instintivo e não aprendido. Os ratos observados tinham apenas dois a três meses de vida e nunca haviam presenciado essa ação antes. >
Já se sabe que animais como golfinhos, elefantes e chimpanzés apresentam comportamentos semelhantes de cuidado. Com essa nova descoberta, os pesquisadores acreditam que o instinto de socorro pode ser mais comum entre os animais do que se pensava, reforçando a ideia de que a empatia e o cuidado com outros indivíduos não são exclusivos dos seres humanos. >