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Carol Neves
Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 09:08
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (29), que assinará um decreto ordenando ao Pentágono e ao Departamento de Segurança Interna que preparem as instalações de Guantánamo, em Cuba, para abrigar até 30 mil imigrantes ilegais. A prisão, que historicamente tem sido usada para prisioneiros militares, incluindo aqueles envolvidos nos ataques de 11 de setembro, agora seria destinada, segundo Trump, para abrigar "os piores criminosos ilegais que ameaçam o povo americano". Ele não forneceu mais detalhes, mas acrescentou que alguns desses imigrantes são tão perigosos que não se pode confiar em seus países de origem para retê-los, pois haveria risco alto de que voltassem aos Estados Unidos. >
A Baía de Guantánamo já foi utilizada no passado para deter migrantes interceptados no mar, incluindo haitianos nas décadas de 80 e 90. O governo de Joe Biden também utilizou a instalação para abrigar um número reduzido de imigrantes antes de realocá-los em outros países.>
O plano de Trump, no entanto, gerou surpresa entre oficiais do Pentágono, que, segundo o Wall Street Journal, não estavam cientes da proposta. A construção de moradias temporárias e outras instalações seria necessária para acomodar os milhares de imigrantes previstos.>
Durante a "guerra ao terror", o governo de George W. Bush estabeleceu uma instalação de segurança máxima em Guantánamo para suspeitos de terrorismo, uma estrutura que se tornou amplamente criticada após denúncias de tortura e violações de direitos humanos durante os interrogatórios. Atualmente, 15 prisioneiros estão detidos no local, com idades variando entre 45 e 63 anos, sendo originários de países como Afeganistão, Indonésia, Iraque, Líbia, Paquistão, Arábia Saudita, Somália e Iémen, incluindo um apátrida rohingya e um palestino.>
O decreto de Trump faz parte de seus esforços contínuos para intensificar as políticas de imigração do governo. No entanto, o presidente não especificou quanto tempo os imigrantes permaneceriam em Guantánamo, embora a legislação vigente proíba a detenção indefinida de pessoas por infrações de imigração, caso não haja planos de deportação.>
Além disso, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, decidiu revogar a extensão de 18 meses concedida pelo governo Biden, que protegia da deportação cerca de 600 mil venezuelanos, um movimento que agrava ainda mais o cerco às políticas de imigração, atingindo até mesmo aqueles que estavam em situação legal.>
Na mesma semana, a Casa Branca também reverteu uma decisão anterior que suspendeu financiamentos e empréstimos a ONGs, escolas, hospitais e outras instituições, após uma juíza bloquear o decreto na terça-feira.>