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Carol Neves
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 09:45
Elon Musk, braço direito do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a avaliar a possibilidade de aplicar sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em uma publicação na rede social X, da qual é proprietário, Musk questionou se o magistrado possui bens nos Estados Unidos: “Moraes não possui propriedade na América?". O bilionário, que ocupa o cargo de secretário de Eficiência Governamental na Casa Branca, levantou a discussão sobre possíveis punições, como o bloqueio de patrimônio que Moraes eventualmente tivesse em solo norte-americano. >
Paulo Figueiredo, comunicador brasileiro foragido nos EUA e alvo de decisões de Alexandre de Moraes, respondeu à pergunta de Musk: “Ele não precisa ter (propriedade nos Estados Unidos). Uma vez que ele seja incluído na lista SDN do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, todas as instituições financeiras imediatamente fecham a conta bancária dele, inclusive no Brasil, para que não sejam alvo de sanções secundárias. O presidente Trump pode fazer isso a qualquer momento, a seu critério, através da Lei Magnitsky”. Musk reagiu à explicação com um simples: “Interessante”.>
A sigla SDN (Specially Designated Nationals) mencionada por Figueiredo refere-se a Nacionais Especialmente Designados, uma lista mantida pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, órgão do Departamento do Tesouro dos EUA. Pessoas e entidades incluídas nessa lista têm seus ativos bloqueados, e cidadãos e empresas norte-americanos são proibidos de negociar com elas. A punição é informalmente chamada de “pena de morte financeira” devido ao seu impacto.>
Musk também interagiu com outra postagem, na qual outro usuário questionava se Moraes teria retirado seu dinheiro dos Estados Unidos. O bilionário respondeu: “Parece que ele está tentando esconder seus ativos”.>
"Ideologia fascista">
A discussão sobre sanções ganhou força após o influenciador conservador Mario Nawfal reproduzir uma declaração de Alexandre de Moraes, que associou as big techs à “ideologia fascista”. O ministro fez essa afirmação durante uma aula magna na faculdade de direito da USP, afirmando: “Há uma instrumentalização das redes sociais por grupos econômicos e ideologicamente fascistas, de extrema direita, para corroer a democracia por dentro. Esse é o grande desafio hoje de quem defende a democracia”, disse.>
“As big techs não são enviadas de Deus, como alguns querem, não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, a soberania nacional de cada um dos países e as legislações para terem poder e lucro”, afirmou Moraes em sua aula.>
Na semana passada, o ministro determinou que o bilionário Elon Musk, que pague, de modo “imediato”, uma multa de cerca de 8,1 milhões de reais. A multa é porque a rede social X não forneceu os dados de um perfil do blogueiro Allan dos Santos, que tem prisão decretada no Brasil, mas está foragido nos EUA. A rede social alega não ter as informações pedidas. Em meio ao caso, Moraes chamou atenção por desativar sua conta na plataforma. >
Outras manifestações>
O deputado norte-americano Rich McCormick enviou uma carta ao presidente Donald Trump, solicitando a imposição de sanções econômicas contra Alexandre de Moraes. No documento, McCormick argumentou que as ações do ministro representam uma ameaça à democracia e à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Ele destacou que Moraes já tentou censurar empresas norte-americanas e suprimir a liberdade de expressão, além de minar a soberania digital dos EUA. O deputado pediu a aplicação de sanções Magnitsky, proibições de visto e penalidades econômicas contra o magistrado.>
Conservadores brasileiros também fizeram campanha para que o visto do ministro para os EUA seja cancelado. Alexandre de Moraes nunca comentou diretamente o caso. >