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Quem é o cardeal que quer desafiar ordem do papa no conclave

Condenado por escândalo financeiro, ele quer retomar direito de voto

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 23 de abril de 2025 às 07:41

Cardeal Giovanni Angelo Becciu
Cardeal Giovanni Angelo Becciu Crédito: Reprodução

Giovanni Angelo Becciu, cardeal de 76 anos envolvido em um dos maiores escândalos financeiros do Vaticano, pretende exercer seu direito de voto no conclave que definirá o sucessor do Papa Francisco, falecido na segunda-feira (21). Apesar de condenado por corrupção e desvio de recursos, Becciu afirma que suas prerrogativas cardinais foram preservadas.

Sua carreira começou na diplomacia da Santa Sé em 1984, tendo atuado em diversos países, como Angola, Cuba, Reino Unido e Estados Unidos. Durante os papados de João Paulo II e Bento XVI, assumiu postos relevantes, incluindo o de núncio apostólico. Em 2011, chegou ao segundo cargo mais importante da Secretaria de Estado, posição mantida por Francisco, que o nomeou cardeal em 2018.

O escândalo que o tornou conhecido mundialmente envolveu a compra de um prédio em Londres, com dinheiro do Óbolo de São Pedro, fundo destinado a obras de caridade da Igreja. O julgamento, que durou mais de dois anos e contou com 86 sessões, levou à sua condenação em 2023 a cinco anos e meio de prisão, além de multa e inelegibilidade para funções públicas no Vaticano.

Durante as investigações, Becciu também foi ligado à consultora Cecilia Marogna, contratada por mais de meio milhão de euros para supostas missões de segurança. Parte dos valores foi usada para gastos pessoais, como estadias em hotéis de luxo e artigos caros.

Uma gravação feita sem o consentimento do Papa Francisco veio à tona na época do julgamento. Na ligação, Becciu tenta convencer o Papa a confirmar que autorizou o uso de fundos para libertar uma freira sequestrada no Mali. A resposta do Pontífice, segundo a transcrição publicada pelo jornal italiano Il Messaggero, foi que se lembrava “vagamente” do caso e solicitou que o pedido fosse feito por escrito.

Em 2020, Francisco aceitou sua renúncia aos direitos cardinais, mas manteve o título. Agora, Becciu utiliza esse detalhe para sustentar que pode participar do conclave. “O Papa reconheceu minhas prerrogativas cardinais intactas, já que não houve vontade explícita de me excluir do conclave nem solicitação de minha renúncia por escrito”, declarou ao jornal Unione Sarda.

A decisão sobre sua participação caberá à Congregação Geral dos Cardeais. Sua presença no processo pode gerar divisões no Sacro Colégio, especialmente entre aqueles que se opõem à linha de Francisco. Mesmo após os escândalos, o Papa celebrou uma missa na capela particular de Becciu em 2021, gesto visto por muitos como sinal de misericórdia ou reconciliação.