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Carol Neves
Estadão
Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 11:15
Um raro avistamento de um peixe da espécie diabo negro (Melanocetus johnsonii) próximo à superfície do oceano, a dois quilômetros da costa de Tenerife, na Espanha, chamou a atenção de biólogos e entusiastas da vida marinha. O registro, feito em 26 de janeiro por pesquisadores da ONG Condrik Tenerife, é inédito, já que essa espécie habita normalmente profundidades entre 200 e 2.000 metros. Até então, os únicos registros conhecidos desse peixe vivo haviam sido feitos em águas profundas, enquanto exemplares mortos já haviam sido encontrados na superfície. As imagens do encontro rapidamente viralizaram. >
O diabo negro, também conhecido como rape abissal, é famoso por seu apêndice dorsal bioluminescente, que abriga bactérias simbióticas usadas para atrair presas. A espécie ganhou notoriedade ao ser retratada no filme de animação *Procurando Nemo* (2003). O avistamento próximo à superfície, no entanto, surpreendeu os especialistas. O biólogo marinho Laia Valor, que participou da descoberta, descreveu o momento: "Vimos algo estranho na água, parecia um objeto negro. Quando nos aproximamos, percebemos que era o diabo negro.">
Os pesquisadores notaram que o peixe estava debilitado e, por isso, decidiram recolhê-lo. Ele foi levado ao Museu de Natureza e Arqueologia, em Santa Cruz de Tenerife, onde está sendo estudado para determinar o que o trouxe à superfície. Quatro hipóteses estão sendo consideradas: o animal poderia estar doente, fugindo de um predador, carregado por uma corrente marítima ou até mesmo regurgitado por um predador próximo à superfície.>
A ONG Condrik Tenerife, dedicada à pesquisa e preservação de tubarões e raias nas Ilhas Canárias, destacou a importância do registro para o entendimento da espécie e de seu comportamento. O fato de o diabo negro ser encontrado em águas tão rasas é considerado um evento raro e intrigante, levantando questões sobre as condições que podem levar esses animais a saírem de seu habitat natural. Enquanto os estudos continuam, o caso já se tornou um marco para a comunidade científica e para os amantes da vida marinha.>