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Jornal O Povo
Publicado em 23 de dezembro de 2023 às 18:11
Após o papa Francisco autorizar bênção a casais do mesmo sexo e divorciados no âmbito civil que voltaram a casar, ou ainda os que vivem em união sem matrimônio, líderes conservadores da Igreja Católica reagiram a decisão e afirmaram que o pontífice é um "servo de Satanás", além de acusá-lo de "blasfêmia".
O desafeto de Francisco, Carlo Maria Vignanò, arcebismo italiano e ex-núncio apóstolico nos Estados Unidos, fez críticas duras ao papa em vídeo publicado na quinta-feira, 21. Para ele, existem "falsos pastores e servos de Satanás, a começar do usurpador que está sentado no trono de Pedro (referente a posição de Francisco na Igreja)".
Viganó ainda disse que "o demônio, quando quer nos persuadir a pecar, enfatiza o suposto bem da ação malvada, colocando na sombra os aspectos contrários aos mandamentos de Deus". "Ele não diz: 'Peque e ofenda o senhor que morreu por você na cruz'. Ele sabe que uma pessoa normal não quer o mal em si, mas comete o mal na aparência do bem", completa.
O arcebismo é conhecido por ser ligado a ultraconservadores dos Estados Unidos e integra a ala da Igreja contrária ao papa, além de ser negacionista na pandemia da Covid-19.
Além de Viganò, outro líder católico que reagiu a decisão do Vaticano foi o cardeal alemão Gerhard Ludwig Muller, que classificou a benção a casais homoafetivos e em situação "irregular" — divorciados e casados com outra pessoa, ou juntos sem a celebração do casamento — como "blasfêmia".
"Digo isso não com base na minha autoridade oficial ou pessoal, mas com base na autoridade da revelação divina. Nós correspondemos à 'verdade de Deus', em obediência aos mandamentos, e agir voluntariamente contra isso é um pecado grave", afirmou em entrevista neste sábado a imprensa italiana.
Ele ainda acrescenta que "se as relações sexuais fora do casamento contradizem a vontade de Deus, então elas não podem ser abençoadas, ou seja, ser declaradas boas segundo a vontade do Criador".
Na segunda-feira, 18, o Vaticano, em movimento histórico, autorizou pela primeira vez a bênção a casais do mesmo sexo e situação "irregular" em documento assinado pelo Papa Francisco.
No entanto, a Igreja Católica ressaltar que o rito é diferente na cerimônia de união matrimonial e que não poderá ter qualquer ligação com a celebração.
"É possível abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo, de maneira que não seja fixada ritualmente pelas autoridades eclesiásticas, para não criar confusão com a bênção específica do sacramento do matrimônio”, afirma o documento Dicastério para a Doutrina da Fé.
Matéria originalmente publicada em O Povo