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Tharsila Prates
Publicado em 22 de abril de 2025 às 23:15
"Se vivemos essa etapa da vida como uma graça, e não com ressentimento; se acolhemos esse tempo (ainda que longo) em que experimentamos forças reduzidas, o cansaço físico crescente, os reflexos já não iguais aos da juventude, com um senso de gratidão e reconhecimento, então, a velhice também se torna uma etapa da vida realmente fecunda e capaz de irradiar o bem." Este é um trecho escrito pelo papa Francisco em prefácio do novo livro do cardeal Angelo Sola, arcebispo emérito de Milão.>
O texto foi escrito por Francisco antes de sua última internação, em 14 de fevereiro. A obra é intitulada 'Na espera de um novo começo. Reflexões sobre a velhice' e será lançada nesta quinta-feira (24), dois dias antes do funeral do papa, que morreu na segunda-feira (21), aos 88 anos.>
"Angelo Scola nos fala da velhice, da sua velhice, que – ele escreve com um toque de desconcertante sinceridade – 'caiu sobre mim com uma aceleração repentina e, em muitos aspectos, inesperada'", diz Francisco sobre o conteúdo da obra.>
Ele aproveita para destacar o papel fundamental dos avós para o desenvolvimento equilibrado dos jovens e para uma sociedade mais pacífica: "Seu exemplo, suas palavras, sua sabedoria podem inspirar nos mais jovens um olhar mais amplo, a memória do passado e o apego a valores duradouros. Em meio à correria das nossas sociedades, muitas vezes voltadas para o efêmero e para o gosto doentio pela aparência, a sabedoria dos avós torna-se um farol que brilha, ilumina a incerteza e dá direção aos netos, que podem tirar da experiência deles um 'algo a mais' para sua vida cotidiana".>
Com afeto e sabedoria, Francisco escreve que a morte não é o fim de tudo. "É justamente a conclusão destas páginas de Angelo Scola, que são uma confissão de coração aberto de como ele está se preparando para o encontro final com Jesus, que nos devolve uma certeza consoladora: a morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo, como sabiamente destaca o título, porque a vida eterna – que quem ama já experimenta aqui na terra em meio às ocupações do dia a dia – é o começo de algo que não terá fim. E é exatamente por isso que é um começo 'novo': porque viveremos algo que nunca vivemos plenamente – a eternidade.">