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OMS diz que corte de recursos dos EUA a programa de Aids cria risco de 'ameaça global'

Congelamento do financiamento fez com que países beneficiados pelo programa interrompessem a distribuição de medicamento

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 08:56

HIV
HIV Crédito: Shutterstock

A decisão do governo de Donald Trump de cortar o financiamento para programas de HIV, como o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da Aids (PEPFAR ), pode ser uma "ameaça global" para a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A medida afeta diretamente milhões de pessoas em países de baixa e média renda, incluindo o Brasil, colocando em risco o tratamento de mais de 30 milhões de pessoas que dependem desses recursos para acessar terapias antirretrovirais essenciais.

A OMS alertou que a interrupção do financiamento pode reverter décadas de progresso no combate ao HIV, resultando em mais infecções e mortes, e comparou a situação ao retrocesso dos anos 1980 e 1990, quando milhões morriam de HIV anualmente, inclusive nos Estados Unidos.

O congelamento do financiamento fez com que países beneficiados pelo PEPFAR interrompessem a distribuição de medicamentos, mesmo aqueles já estocados em clínicas locais, o que levou ao fechamento de centros de atendimento, principalmente em países africanos.

O programa também é crucial no Brasil, onde financia ações como o acesso a autotestes e projetos de prevenção e conscientização em parceria com instituições como a Fiocruz. A medida também contribui para fortalecer os sistemas de saúde no país, ampliando o uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) e ajudando a evitar a interrupção do tratamento. De acordo com o G1, o Ministério da Saúde não respondeu sobre o impacto do corte no país. 

Em 2023, o Brasil registrou 46.495 novos casos de HIV e 10.338 mortes relacionadas à Aids, a menor taxa de mortalidade dos últimos 10 anos. A maior parte dos casos de Aids no país ocorre na faixa etária de 25 a 29 anos, com 34%, seguida pela faixa de 30 a 34 anos, com 32,5%. O corte de financiamento pode agravar ainda mais esses números.