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Carol Neves
Publicado em 11 de abril de 2025 às 09:39
Hilda Trujillo, ex-diretora dos museus Diego Rivera Anahuacalli e Frida Kahlo Casa Azul, denunciou o desaparecimento de ao menos dez obras da icônica pintora mexicana, incluindo dois óleos e oito desenhos, além de 12 páginas arrancadas de seu diário original. Em comunicado, ela afirmou que as peças "inexplicavelmente saíram da Casa Azul" e estão sendo comercializadas ilegalmente, algumas em coleções privadas no exterior. >
Entre as obras desaparecidas estão "Frida em Chamas" (1954), hoje em uma coleção particular nos Estados Unidos, e "Congresso dos Povos pela Paz" (1952), vendido por US$ 2,6 milhões em um leilão da Sotheby’s. Trujillo exige que o Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura (INBAL), responsável pela proteção do patrimônio artístico mexicano, apresente os contratos de fidúcia das obras e explique como elas deixaram o país sem autorização. >
O México possui um rigoroso instrumento legal para proteger seu patrimônio cultural: a declaração de "monumento artístico", que se aplica a artistas como Frida Kahlo, Diego Rivera e Octavio Paz. Essa medida obriga colecionadores a informarem o estado e a localização das obras, além de exigir permissão oficial para qualquer movimentação ou venda. No entanto, Trujillo afirma que as peças sumiram sem qualquer registro legal. >
Em resposta, o INBAL emitiu um comunicado negando ter autorizado a exportação definitiva das obras e recomendando que as denúncias sejam levadas às autoridades competentes. Trujillo, no entanto, rebateu: "Estou dizendo que estão sendo vendidas ilegalmente, como é que vão pedir permissão? Peço que vão atrás das obras". Ela também desafiou o INBAL a exibir publicamente o diário completo de Frida Kahlo e a lista de obras doadas por Diego Rivera ao país em 1955. >
A ex-diretora, reconhecida por elevar o prestígio internacional dos museus de Kahlo e Rivera, afirma ter protocolado sua denúncia com provas documentais, incluindo fotografias, correspondências e trechos do testamento de Rivera. Ela critica a inação do INBAL e exige uma investigação imediata para recuperar o patrimônio perdido. "Se minhas alegações são infundadas, que mostrem os registros", disse. >