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Carol Neves
Publicado em 21 de abril de 2025 às 15:14
A morte do Papa Francisco aos 88 anos, não apenas encerra um papado marcado por reformas e simbolismo, mas também reacende o interesse em profecias antigas que envolvem o futuro (e o fim) da Igreja Católica. As previsões de Nostradamus e a chamada Profecia de São Malaquias voltaram a ocupar espaço nas discussões de fiéis, teólogos e entusiastas do ocultismo — especialmente diante da escolha iminente de seu sucessor.>
A profecia de São Malaquias: o último papa antes do fim do mundo>
A chamada Profecia dos Papas, atribuída ao arcebispo irlandês São Malaquias (1094–1148), aponta Francisco como o 112º e último papa antes do juízo final. Segundo o documento, Malaquias teria recebido uma visão com a lista de todos os papas futuros, desde Celestino II até o último, identificado como “Petrus Romanus” — Pedro, o Romano. Este último pontífice “apascentará o rebanho em meio a grandes tribulações” e, após seu reinado, “a cidade das sete colinas será destruída, e o Juiz terrível julgará o povo”.>
Embora o nome de Francisco não seja “Pedro”, o fato de ele ter escolhido esse nome em homenagem a São Francisco de Assis — figura fortemente ligada ao simbolismo profético — gerou interpretações de que ele poderia, sim, ser o último da lista. Outros acreditam que “Pedro, o Romano” ainda virá — talvez seu sucessor.>
A profecia foi publicada pela primeira vez em 1595 pelo monge beneditino Arnold de Wyon e não é reconhecida oficialmente pela Igreja Católica. Muitos historiadores, como Anura Guruge, consideram o texto uma falsificação do século XVI com fins políticos. Ainda assim, coincidências entre os lemas atribuídos aos papas e suas biografias reais continuam gerando fascínio. Entre os exemplos, estão descrições como “Glória da Oliveira”, associada a Bento XVI, e “Do trabalho do Sol”, relacionada a João Paulo II, que nasceu durante um eclipse.>
Com a morte de Francisco, algumas leituras radicais da profecia apontam para o fim do mundo já em 2027, baseando-se em cálculos ligados ao papado de Sisto V, atribuído por alguns à origem real do texto. Apesar do ceticismo acadêmico, a narrativa voltou a ganhar destaque, especialmente nas redes sociais e entre os mais supersticiosos. O assunto foi parar nos assuntos mais comentados do antigo Twitter.>
A visão de Nostradamus: o “Papa Negro” e o fim da Igreja >
Michel de Nôtre-Dame, o Nostradamus, viveu na França do século XVI e é conhecido por suas enigmáticas quartetas poéticas. Publicadas em sua obra “Les Prophéties”, essas estrofes simbólicas têm sido ligadas a grandes eventos históricos, da Revolução Francesa ao atentado de 11 de setembro. Uma das previsões mais debatidas menciona a chegada de um “Papa Negro”, figura que, para alguns intérpretes, sinalizaria o fim da Igreja Católica ou até mesmo o apocalipse.>
A expressão “Papa Negro” tem múltiplas interpretações. Tradicionalmente, refere-se ao Superior Geral dos Jesuítas — conhecido como o “Papa Negro” por usar vestes escuras e exercer grande influência interna na Igreja. Como Francisco foi o primeiro papa jesuíta da história, há quem considere que a profecia já se realizou. Seu papado foi marcado por decisões simbólicas, como a recusa em viver no Palácio Apostólico e o foco em justiça social e reforma institucional.>
Outros intérpretes ligam o “Papa Negro” à possibilidade de um pontífice de origem africana. A profecia, escrita de forma ambígua, fala sobre a morte de um “pontífice ancião” e a ascensão de um líder jovem e de pele escura. O contexto atual, com cardeais africanos em posições de destaque, reacende essa possibilidade. Entre os nomes cotados estão Peter Turkson, de Gana, e Robert Sarah, da Guiné — ambos com trajetórias distintas, mas com chance real de ocupar o trono de São Pedro.>
Assim como no caso de Malaquias, as previsões de Nostradamus não especificam datas. Por isso, a cada transição papal, essas quartetas são revisitadas, com interpretações diversas que oscilam entre metáforas históricas e alertas de fim dos tempos.>
Sucessão>
O conclave que se aproxima acontecerá em meio a um cenário delicado. A Igreja enfrenta uma queda de fiéis na Europa e nas Américas e um crescimento acelerado na África e na Ásia. Ao mesmo tempo, o novo papa herdará desafios complexos: polarização interna entre alas conservadoras e progressistas, escândalos financeiros, casos de abusos e a necessidade de se conectar com um mundo cada vez mais secularizado.>
Entre os nomes mais citados como possíveis sucessores estão os cardeais africanos Peter Turkson (Gana), de perfil moderado e foco em justiça social, e Robert Sarah (Guiné), conhecido por posições conservadoras e críticas às reformas de Francisco. Há ainda nomes como Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e o filipino Luis Antonio Tagle, de orientação mais progressista. A possível eleição de um pontífice africano — algo inédito na história moderna — adiciona combustível ao debate profético.>
Profecias como as de São Malaquias e Nostradamus não têm respaldo oficial, mas continuam exercendo fascínio cultural e espiritual. A morte de Francisco reacende esse imaginário coletivo, misturando fé, história e medo do desconhecido. Qualquer que seja a escolha dos cardeais, o peso das tradições, das narrativas e das expectativas globais acompanhará o próximo pontífice desde o momento em que surgir a fumaça branca no céu de Roma.
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