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Estadão
Publicado em 30 de julho de 2024 às 08:20
O Ministério das Relações Exteriores fez um alerta nesta segunda-feira, 29, para que brasileiros que estejam na Venezuela ou tenham viagens programadas ao país evitem aglomerações e permaneçam cientes dos riscos. Após a reeleição de Nicolás Maduro, questionada pela comunidade internacional, protestos eclodiram em Caracas e em outras regiões do país.
Conforme as recomendações do Itamaraty, os brasileiros devem se manter atualizados sobre a segurança nas áreas onde se encontram por meio de páginas oficiais. "O Itamaraty recomenda evitar aglomerações e estar ciente dos riscos presentes em determinadas regiões", diz a nota.
O dia após às eleições presidenciais foi marcado por manifestações de caráter espontâneo em várias regiões da capital Caracas e outras cidades do interior do país. Manifestantes protestaram contra a reeleição de Maduro - cuja credibilidade do processo eleitoral é questionada por dezenas de países -, pedindo por transparência na contagem e acusando o governo regente de fraudar o processo.
A Guarda Nacional militarizada dispersou várias mobilizações com gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Também foram ouvidos disparos em alguns bairros. A ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos, afirmou que houve uma morte no Estado de Yaracuy.
O Itamaraty afirmou que a Embaixada do Brasil em Caracas está monitorando a situação e oferece suporte consular em casos de emergência pelo plantão consular da Embaixada pelo número +58 414-3723337, que também está disponível no WhatsApp.
"A orientação é que todos os cidadãos brasileiros permaneçam vigilantes e busquem as informações mais recentes para garantir sua segurança enquanto estiverem na Venezuela", diz a pasta.
Descontentamento
Ao longo do dia, símbolos relacionados ao chavismo, como outdoor com o rosto de Maduro e estátuas de Hugo Chávez, foram destruídos por manifestantes. Panelas também foram levadas às ruas para um "panelaço" e passeatas massivas foram registradas.
A oposição não reconheceu os resultados do CNE, mas não convocou protestos para esta segunda-feira. Mesmo assim, milhares de pessoas manifestaram seu descontentamento desde as primeiras horas do dia.
Em paralelo, Maduro denunciou uma tentativa de "golpe de Estado" contra seu governo. "Estão ensaiando os primeiros passos fracassados para desestabilizar a Venezuela e para impor novamente um manto de agressões e danos."
Novos protestos pacíficos foram convocados pela líder da oposição, María Corina Machado, para esta terça-feira, 29, contra Maduro. O ditador, por sua vez, também mobilizou sua militância para amanhã, o que aumenta o risco de enfrentamento. Em um discurso na sede presidencial, Maduro pediu pela "máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a paz" e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de estado.
A oposição denuncia uma fraude e disse ter "como provar a verdade" de que a eleição foi vencida por Edmundo González Uruttia no domingo. Machado explicou que, após ter acesso a cópias de 73% das atas da apuração, a projeção é de uma vitória da oposição com 6,27 milhões de votos, contra 2,75 milhões para Maduro.