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Carol Neves
Publicado em 25 de março de 2025 às 08:59
Um dia após a revelação de Yuval Abraham, co-diretor do filme Sem Chão, de que o cineasta palestino Hamdan Ballal havia sido agredido e levado por soldados israelenses, o governo de Israel se pronunciou sobre o incidente ocorrido em Susiya, na Cisjordânia. A polícia israelense confirmou a detenção de três homens, incluindo Ballal, durante um confronto com palestinos que teriam atirado pedras contra veículos israelenses. No entanto, o governo não forneceu detalhes sobre a gravidade dos ferimentos de Ballal, que, segundo o relato de Abraham, foi agredido de forma brutal. >
O governo contestou a versão de Abraham, com o exército israelense afirmando que a intervenção ocorreu após palestinos atacarem os veículos de cidadãos israelenses com pedras, justificando a detenção de Ballal e outros dois indivíduos. No entanto, Yuval Abraham, por meio de suas redes sociais, questionou a versão oficial, afirmando que Ballal foi espancado e que sua ambulância foi invadida por soldados. O cineasta estava supostamente desaparecido desde então, sem que fosse informado o local para onde teria sido levado.>
Em nova publicação, Abraham detalhou que, de acordo com a advogada de Ballal, Leah Tsemel, o cineasta foi mantido algemado e vendado durante toda a noite em uma base militar israelense, onde foi espancado por dois soldados. Tsemel também confirmou que Ballal continua detido na delegacia de Kiryat Arba. "Após o ataque, Hamdan foi algemado e vendado a noite toda enquanto dois soldados o espancavam no chão", afirmou Tsemel em um comunicado.>
O incidente ocorreu no contexto de uma disputa sobre uma tentativa de colonos israelenses roubarem ovelhas de fazendeiros palestinos na Cisjordânia ocupada. A prisão e os ferimentos de Ballal ocorreram no momento em que ele participava de uma reunião para encerrar o jejum do Ramadã na vila de Susiya, perto de Hebron.>
O documentário Sem Chão, dirigido por Abraham e Ballal, aborda a difícil realidade de comunidades palestinas como a de Masafer Yatta, na Cisjordânia, e segue a história de resistência de ativistas palestinos. Em seu discurso de vitória no Oscar, os diretores pediram ao mundo que tomasse "medidas sérias para pôr fim à injustiça e à limpeza étnica do povo palestino".>