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Estadão
Publicado em 14 de abril de 2024 às 10:46
Israel comemorou neste domingo, 14, sua defesa aérea bem-sucedida diante de um ataque sem precedentes do Irã, afirmando que, junto com seus aliados, frustrou 99% dos mais de 300 drones e mísseis lançados em direção ao seu território. >
No entanto, as tensões regionais permanecem altas, diante do medo de uma escalada adicional no caso de um possível contra-ataque israelense.>
"O Irã lançou mais de 300 ameaças, e 99% foram interceptadas", disse o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz militar israelense. "Isso é um sucesso.">
Israel disse que o Irã lançou 170 drones, mais de 30 mísseis de cruzeiro e mais de 120 mísseis balísticos. Na manhã de domingo (noite de sábado no Brasil), o Irã disse que o ataque havia terminado e Israel reabriu seu espaço aéreo.>
Questionado se Israel responderia, Hagari disse que o país faria o que fosse necessário para proteger seus cidadãos. Ele afirmou que nenhum dos drones e mísseis de cruzeiro atingiu Israel e que apenas alguns dos mísseis balísticos passaram.>
O contra-almirante declarou que, dos mísseis de cruzeiro, 25 foram abatidos pela força aérea israelense e que um dano menor foi causado a uma base aérea israelense, mas disse que ela ainda estava funcionando.>
Socorristas disseram que apenas uma menina de 7 anos foi gravemente ferida no sul de Israel, aparentemente em um ataque de míssil, embora tenham dito que a polícia ainda estava investigando as circunstâncias de suas lesões.>
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, postou uma mensagem curta no X (antigo Twitter): "Nós interceptamos. Nós bloqueamos. Juntos, venceremos.">
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, também comemorou os resultados, agradecendo aos EUA e outros países por sua assistência. Ele disse que Israel precisa permanecer vigilante e se preparar para qualquer cenário, mas chamou as interceptações de "grande sucesso".>
Biden busca solução diplomática>
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que convocaria uma reunião do G7 (as sete maiores democracias) ainda neste domingo "para coordenar uma resposta diplomática unida ao ataque descarado do Irã".>
A linguagem indicou que a administração Biden não quer que o ataque do Irã se transforme em um conflito militar mais amplo. O Irã tomou a decisão em resposta a um ataque amplamente atribuído a Israel em um prédio consular iraniano na Síria no início deste mês, que matou dois generais iranianos.>
A Guarda Revolucionária paramilitar do Irã emitiu uma nova ameaça contra os EUA. "O governo terrorista dos EUA é advertido de que qualquer apoio ou participação em prejudicar os interesses do Irã será seguido por uma resposta decisiva e que causará arrependimento pelas forças armadas do Irã", disse um comunicado divulgado pela IRNA.>
Ataque inédito do Irã em décadas>
Os dois inimigos têm se engajado em uma guerra sombria marcada por incidentes como o ataque em Damasco. Mas o bombardeio do Irã, que acionou sirenes de ataque aéreo por Israel inteiro, foi o primeiro ataque militar direto do Irã a Israel, apesar de décadas de inimizade que remontam à Revolução Islâmica do país em 1979.>
Israel, ao longo dos anos, estabeleceu - muitas vezes com a ajuda dos Estados Unidos - uma rede de defesa aérea multicamadas capaz de interceptar uma variedade de ameaças, incluindo mísseis de longo alcance, mísseis de cruzeiro, drones e foguetes de curto alcance.>
Esse sistema, juntamente com a colaboração com os EUA e outras forças, ajudou a frustrar o que poderia ter sido um ataque muito mais devastador em um momento em que Israel já está atolado em sua guerra contra o Hamas em Gaza e envolvido em combates de menor escala em sua fronteira norte com a milícia Hezbollah do Líbano. Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são apoiados pelo Irã.>
O que acontece agora?>
Israel anunciou que reabriu seu espaço aéreo, afrouxando uma restrição que havia imposto antes do ataque, embora as escolas permanecessem fechadas em todo o país. A vizinha Jordânia também reabriu seu espaço aéreo.>
O general Mohammad Hossein Bagheri, chefe do estado-maior das forças armadas iranianas, disse que a operação estava encerrada, segundo a agência de notícias estatal IRNA. "Não temos intenção de continuar a operação contra Israel", afirmou.>
Israel está particularmente orgulhoso do sucesso de sua defesa, pois contrasta acentuadamente com as falhas que sofreu durante o ataque do Hamas em 7 de outubro. Enfrentando o Hamas, um inimigo muito menos poderoso, as defesas de fronteira de Israel entraram em colapso, e o Exército levou dias para repelir os militantes invasores - uma derrota embaraçosa para o exército mais forte e bem equipado do Oriente Médio.>
Embora frustrar o ataque iraniano possa ajudar a restaurar a imagem de Israel, o que ele faz a seguir será observado de perto tanto na região quanto nas capitais ocidentais. Em Washington, Biden disse que as forças dos EUA ajudaram Israel a derrubar "quase todos" os drones e mísseis e prometeu reunir aliados para desenvolver uma resposta unificada.>
Biden, que havia interrompido uma estadia de fim de semana em sua casa de praia em Delaware para se reunir com sua equipe de segurança nacional na Casa Branca no sábado à tarde, falou com Netanyahu mais tarde no dia.>
"Eu disse a ele que Israel demonstrou uma capacidade notável de se defender contra e derrotar até mesmo ataques sem precedentes - enviando uma mensagem clara aos seus inimigos de que eles não podem ameaçar efetivamente a segurança de Israel", afirmou Biden>
Em um comunicado no domingo, o secretário de Estado Antony Blinken disse que os EUA "não buscam escalada" e realizariam conversas com seus aliados nos próximos dias. Os EUA, juntamente com seus aliados, enviaram mensagens diretas a Teerã para alertar contra uma escalada adicional do conflito.>
Líderes do G7 realizarão uma videoconferência no domingo à tarde para discutir os ataques iranianos contra Israel, de acordo com a Itália, que detém a presidência do grupo de países desenvolvidos, que inclui os Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha e Canadá.>
Negociações com Hamas sofrem revés>
O Irã prometeu vingança desde o ataque aéreo de 1º de abril na Síria, pelo qual Teerã responsabilizou Israel. Israel não comentou publicamente sobre isso. Israel e o Irã estiveram em rota de colisão ao longo da guerra de seis meses de Israel contra militantes do Hamas em Gaza, desencadeada pelo ataque de 7 de outubro a Israel.>
Naquele dia, militantes do Hamas e da Jihad Islâmica, também apoiados pelo Irã, mataram 1.200 pessoas em Israel e sequestraram outras 250. Uma ofensiva israelense em Gaza causou devastação generalizada e matou mais de 33.000 pessoas, de acordo com autoridades de saúde locais.>
Negociações em andamento, destinadas a trazer um cessar-fogo em troca da libertação dos reféns, pareciam ter sofrido um revés neste domingo. O gabinete de Netanyahu disse que o Hamas rejeitou a última proposta de acordo, que havia sido apresentada ao Hamas uma semana atrás por mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos.>
Um oficial do Hamas disse que o grupo quer um "compromisso escrito claro" de que Israel se retirará da Faixa de Gaza durante a segunda de uma negociação de cessar-fogo em três fases O acordo apresentado às partes prevê um cessar-fogo de seis semanas em Gaza, durante o qual o Hamas liberaria 40 dos mais de 100 reféns que o grupo mantém no enclave em troca de 900 prisioneiros palestinos das prisões de Israel, incluindo 100 cumprindo longas penas por crimes graves.>
O Hamas saudou o ataque do Irã, dizendo que era "um direito natural e uma resposta merecida" ao ataque na Síria e instou os grupos apoiados pelo Irã na região a continuar apoiando o Hamas na guerra contra Israel.>
Quase imediatamente após o início da guerra, o Hezbollah começou a atacar a fronteira norte de Israel. Os dois lados têm se envolvido em trocas de fogo diárias, enquanto grupos apoiados pelo Irã no Iraque, Síria e Iêmen lançaram foguetes e mísseis em direção a Israel.>