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Carol Neves
Publicado em 23 de novembro de 2024 às 15:02
A Capela de São Pedro, em Lucerna, na Suíça, substitui o padre por um avatar de inteligência artificial de Jesus Cristo para o confessionário, espaço em que os fiéis confessam seus pecados.
O teólogo Marco Schmid, um dos responsáveis pelo projeto, disse ao jornal inglês The Guardian que se trata de um "experimento" que busca entender como as pessoas reagem diante de um Jesus criado por IA. Sobre o que eles conversariam com ele? Haveria interesse em falar com ele? Provavelmente somos pioneiros nisso", considerou.
Batizado de "Deus in machina", o projeto iniciou em agosto. Schmid e pesquisadores da Universidade de Lucerna trabalharam com textos bíblicos e teológicos para treinar a IA. Há uma tela do outro lado do confessionário e os fiéis conseguem ver o Jesus de IA respondendo às perguntas e dando conselhos. É possível optar por mais de 100 idiomas.
Apesar do caráter íntimo do confessionário para os fiéis, Schmid diz que aqui a ideia é que não se trate de experiências pessoais e de uma imitação da confissão. Os fiéis são orientados nesse sentido.
Mais de mil pessoas já interagiram com a inteligência artificial em cerca de dois meses e cerca de 70% destas afirmaram ter vivido uma "experiência espiritual". "Podemos dizer que eles tiveram um momento religiosamente positivo com esse Jesus de IA. Para mim, isso foi surpreendente", avalia o teólogo. Outros afirmaram que a figura traz respostas superficiais e é difícil de manter uma conversa além do básico.
O projeto não deve se retornar permanente. Embora até aqui a IA de Jesus não tenha dito nada considerado "estranho", não há garantias que isso não aconteça e seria muita responsabilidade manter o serviço, avalia o teólogo. "É uma ferramenta muito fácil e acessível onde você pode falar sobre religião, sobre cristianismo, sobre fé cristã. Acho que há uma sede de falar com Jesus. As pessoas querem ter uma resposta: elas querem palavras e ouvir o que ele está dizendo. Acho que esse é um elemento disso. Então, é claro, há a curiosidade disso. Elas querem ver o que é isso", considera.