Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Estadão
Publicado em 18 de janeiro de 2025 às 10:41
Após mais de seis horas de discussão, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou o cessar-fogo com o Hamas por 16 votos a 8. A votação seria na quinta-feira, 16, mas foi adiada em meio a disputas com o Hamas e oposição de partidos de extrema direita que fazem parte da coalizão do premiê. Logo após o aval, o governo israelense disse que os primeiros reféns começarão a ser libertados neste sábado, 18.
O acordo havia sido aprovado na manhã desta sexta, 17, pelo gabinete de guerra, antes de seguir para votação de todos os ministros. Apesar da certeza de que seria confirmado, o debate entrou noite adentro, em pleno shabat (dia do descanso para os judeus).
Apesar dos empecilhos de última hora, o gabinete do primeiro-ministro afirmou que o acordo poderia entrar em vigor no domingo, 19, como foi originalmente estabelecido pelos mediadores. Na quinta-feira, o ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, ameaçou renunciar e retirar seu partido da coalizão de governo se o gabinete aprovasse o cessar-fogo, dizendo que isso deixaria o Hamas no poder em Gaza. No fim, ele sinalizou que permaneceria no governo.
Fases
O acordo de três fases - com base em uma estrutura estabelecida pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e endossada pelo Conselho de Segurança da ONU - deve começar com a libertação gradual de 33 reféns ao longo de um período de seis semanas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos, em troca de centenas de prisioneiros palestinos que estão detidos em Israel.
Entre os 33, estariam 5 soldadas israelenses, cada uma das quais seria libertada em troca de 50 prisioneiros palestinos, incluindo 30 terroristas condenados que cumprem penas de prisão perpétua. Ao final da primeira fase, todos os reféns civis vivos terão sido libertados e os corpos dos mortos, entregues.
Durante a primeira fase de 42 dias, as forças israelenses se retirariam dos centros populacionais de Gaza e os palestinos seriam autorizados a retornar para suas casas no norte do enclave. Além disso, haveria um aumento na ajuda humanitária, com cerca de 600 caminhões entrando a cada dia no território palestino.
Os detalhes da segunda fase ainda devem ser negociados durante a primeira fase. Esses pormenores continuam difíceis de resolver - e o acordo não inclui garantias por escrito de que o cessar-fogo continuará até que uma trégua definitiva seja alcançada, sinalizando que Israel poderia retomar sua campanha militar após o término da primeira fase.
Um grupo de parentes de reféns anunciou ontem a identidade dos 33 que devem ser libertados na primeira fase do cessar-fogo. Israel não confirmou o estado de saúde dos reféns, mas acredita que a maioria dos sequestrados esteja viva.
O gabinete do premiê anunciou ontem os nomes dos libertados em cada dia do cessar-fogo. O bebê Kfir Bibas, que completa 2 anos hoje, está na lista, assim como o de seu irmão Ariel Bibas, de 5 anos, e seus pais, Shiri e Yarden Bibas.
O argentino-israelense Yair Horn, de 45 anos, também deve ser libertado. A reportagem do Estadão conversou com seu pai, Itzik Horn, após o aniversário de um ano dos ataques do Hamas.
Em contrapartida, o Ministério da Justiça de Israel divulgou a lista parcial com 95 prisioneiros que devem ser soltos na troca pelos reféns. A relação inclui a deputada palestina Khalida Jarrar, da Frente Popular para a Libertação da Palestina, presa em 2023, que estaria confinada em uma solitária.
Nahil Masalmeh, de 37 anos, que planejou um ataque a um agente de segurança na Caverna dos Patriarcas em Hebron, também será libertada. Uma jovem de 17 anos de Jerusalém, que tentou atacar policiais com uma faca na Cidade Velha, em maio, também será libertada, assim como Noal Abd Fattah, que esfaqueou um homem de 70 anos, em 2019, quando tinha 14 anos.