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Entenda o plano de Trump sobre tarifas recíprocas para parceiros comerciais

O governo republicano acredita que suas novas tarifas 'nivelariam o campo de jogo' entre os fabricantes americanos e os concorrentes estrangeiros

  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Estadão

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 23:42

Donald Trump assina ordem sobre tarifas recíprocas
Donald Trump assina ordem sobre tarifas recíprocas Crédito: Divulgação Fotos Públicas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (13) um plano para uma rodada de novas tarifas recíprocas abrangentes. As tarifas, que Trump pôs em prática através de uma ação executiva, não terão efeito imediato. Essa é uma medida intencional para dar às nações tempo para potencialmente negociar novos termos comerciais com os EUA, disse um funcionário da Casa Branca nesta quinta.

Trump disse que decidiu, "para fins de justiça, que cobrarei uma tarifa recíproca". O presidente fez a declaração no Salão Oval durante a assinatura da proclamação. "É justo para todos. Nenhum outro país pode reclamar." O que ele promete é cobrar dos países aquilo que os países cobram dos Estados Unidos.

O governo republicano de Trump insistiu que suas novas tarifas nivelariam o campo de jogo entre os fabricantes americanos e os concorrentes estrangeiros, embora esses novos impostos provavelmente seriam pagos pelos consumidores e empresas americanos, diretamente ou na forma de preços mais altos.

A política de tarifas pode facilmente sair pela culatra para Trump se sua agenda aumentar a inflação e reduzir o crescimento, tornando esta uma aposta arriscada para um presidente ansioso para declarar sua autoridade sobre a economia dos EUA, avaliam analistas.

Para efeitos da medida, Trump afirmou que as ações levarão em conta o imposto sobre valor agregado, "que é muito mais punitivo do que uma tarifa".

"Não será aceito o envio de mercadorias, produtos ou qualquer coisa com qualquer outro nome através de outro país, com o propósito de prejudicar injustamente os EUA", disse ele em post na plataforma Truth Social. "Além disso, providenciaremos subsídios fornecidos pelos países para tirar vantagem econômica dos EUA", afirmou.

Da mesma forma, serão tomadas disposições para tarifas não monetárias e barreiras comerciais que alguns países cobram para manter o produto americano fora do seu domínio ou, se não permitirem sequer que empresas dos EUA operem.

"Somos capazes de determinar com precisão o custo destas barreiras comerciais não monetárias", afirmou Trump.

O republicano afirmou ainda que a aplicação de tarifas recíprocas não terá impacto no sentido de aumentar a inflação no país. "O que vai subir é o emprego", disse Trump, em coletiva concedida na Casa Branca após assinar um memorando orientando secretários a detalharem propostas tarifárias para cada um dos países que cobram tarifas "injustamente" dos EUA, entre eles estaria o Brasil.

Alguns dos principais produtos de exportação do Brasil, como a carne e o etanol, são citados como exemplos de disparidade entre tarifas a ser ajustada.

Em memorando assinado sobre tarifas recíprocas e obtido pelo  Estadão, o presidente dos EUA orienta o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o indicado ao representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, entre outros, para que possam enviar "rapidamente" um relatório detalhando suas propostas para cada país.

De acordo com um assessor que participou da coletiva do período da tarde desta quinta-feira na Casa Branca, a potencial data de implementação das tarifas recíprocas será 1º de abril, mas isso dependerá da decisão de Trump.

Repercussão no Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o melhor neste momento é "aguardar", quando questionado nesta quinta sobre o anúncio de Trump sobre imposição de tarifas de reciprocidade. Haddad afirmou que não há motivos para o Brasil temer e reiterou que a reciprocidade deve ser um princípio a ser "observado pelos dois países".

Perguntado se o fato de Trump não ter especificado um prazo para imposição das tarifas poderia sinalizar espaço para negociação, Haddad disse que "possivelmente sim", mas reforçou que é necessário aguardar, já que não faz sentido complicar "o que está funcionando bem". "A maneira como estão sendo anunciadas as medidas é um pouco confusa ainda. Então, nós temos que aguardar para ter uma ideia do que é concreto, do que é efetivo e levar em consideração", disse.

Haddad reforçou que não há motivos para o Brasil temer, já que a balança comercial entre ambos os países é superavitária para a economia norte-americana. "A balança é superavitária para os Estados Unidos, considerados bens e serviços. No caso de bens, ela é equilibrada, praticamente equilibrada. Então, não há muita razão nem para nós temermos, porque não há um parceiro que está importando muito do Brasil e exportando pouco. Ao contrário. Então, vamos com cautela avaliar o conjunto das medidas que vão ser anunciadas", avaliou.

O ministro disse que, a partir do momento em que tiver um balanço sobre o que de fato os Estados Unidos irão fazer, o governo fará uma radiografia para considerar as medidas. Enquanto isso, segundo Haddad, a área econômica, sobretudo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), está fazendo um balanço das relações comerciais para que "a reciprocidade seja um princípio a ser observado pelos dois países".