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Carol Neves
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 09:14
O presidente argentino Javier Milei se viu no centro de uma polêmica após publicar, na sexta-feira, 14, uma mensagem que fazia referência a uma criptomoeda, o que gerou críticas, discussões sobre impeachment e até uma investigação anunciada pelo próprio governo. A crise foi desencadeada pela postagem na qual Milei incentivou o crescimento da Argentina com a criptomoeda $LIBRA, vinculando-a ao financiamento de pequenas empresas no país. Após o anúncio, a moeda viu seu valor disparar, mas em seguida sofreu uma queda drástica, causando grandes perdas para investidores. >
A postagem de Milei, feita por meio da rede social X, destacava a criptomoeda $LIBRA como um projeto privado que contribuiria para o crescimento da economia argentina. A mensagem foi acompanhada de um link de investimento. Após a divulgação, o ativo virtual teve uma valorização expressiva, atingindo quase US$ 5 mil em poucas horas. >
No entanto, essa valorização foi seguida por uma queda abrupta quando os desenvolvedores da moeda começaram a vender suas participações, o que causou o colapso do ativo. De acordo com o jornal argentino La Nacion, cerca de 80% dos ativos de $LIBRA estavam nas mãos dos desenvolvedores, que haviam criado o site minutos antes de Milei divulgar a criptomoeda. O volume de transações de compra e venda chegou a US$ 4,5 bilhões em apenas duas horas.>
Diante da crise, Milei apagou a mensagem e, na madrugada de sábado, publicou uma nova, na qual afirmou que não estava ciente dos detalhes do projeto. Ele explicou que, ao ser informado sobre a situação, decidiu não continuar divulgando a criptomoeda. "Não estava informado dos detalhes do projeto e logo que fui informado decidi não seguir divulgando (por isso apaguei o tuíte)", escreveu, se referindo ao ocorrido como uma tentativa de alguns políticos de usar a situação para causar danos. Em tom agressivo, Milei também criticou a "casta política", que, segundo ele, queria se aproveitar do episódio.>
A repercussão foi imediata. A oposição, incluindo o bloco União pela Pátria, liderado pelo peronismo, iniciou um movimento pedindo investigações sobre o caso e até mesmo o impeachment de Milei. Eles chamaram o episódio de "fraude em criptomoedas" e um "escândalo sem precedentes". Até mesmo aliados de Milei se mostraram preocupados com o ocorrido. O ex-presidente Mauricio Macri, por exemplo, compartilhou uma nota do partido PRO, do qual é fundador, expressando preocupação com o impacto no país, mas deixando claro que não apoia um julgamento político.>
Diante da pressão da oposição e da repercussão midiática, o governo de Milei anunciou, na noite de sábado, que tomaria providências. Foi instaurada uma "investigação urgente" sobre o caso, e a presidência decidiu encaminhar o episódio ao Escritório Anticorrupção (OA) para investigar se houve conduta imprópria por parte de membros do governo, incluindo o próprio presidente. Além disso, uma "Força-Tarefa Investigativa" foi criada dentro da presidência para investigar o lançamento da criptomoeda $LIBRA e as pessoas ou empresas envolvidas na operação.>