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Estadão
Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 23:42
Depois de a Casa Branca confirmar que neste sábado (1°) entrarão em vigor tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México e de 10% sobre os produtos da China, o presidente Donald Trump avisou que a União Europeia pode ser a próxima. O recado veio na forma de uma resposta a pergunta de jornalistas no Salão Oval, nesta sexta-feira (31). >
Questionado se planejava também um imposto para os produtos provenientes da Europa, o presidente norte-americano respondeu: "Vou impor tarifas à União Europeia". E acrescentou uma pergunta a quem tinha feito o questionamento: "Você quer uma resposta verdadeira ou devo lhe dar uma resposta política?". E, sem esperar, emendou a resposta: "Absolutely (equivalente a "com certeza"). Os europeus nos trataram tão mal.">
Trump não especificou quando seria aplicada essa tarifa, nem o porcentual. A ameaça, porém, já era esperada por representantes da União Europeia. Mais cedo, Olli Rehn, dirigente do Banco Central Europeu (BCE), defendeu que a União Europeia acelere acordos comerciais de livre comércio para enfrentar as ameaças tarifárias de Trump e, entre as alternativas, citou o Mercosul.>
Rehn expressou preocupação sobre como a fragmentação do comércio global pode pesar sobre o crescimento econômico da Zona do Euro.>
"O acordo de livre comércio do Mercosul está se movendo para frente. A ratificação deve tomar lugar antes que países da região, como o Brasil, se voltem para a China, o que não está em nossos interesses. Democracias da América Latina são parceiros naturais da Europa", disse ele, que preside o BC da Finlândia.>
"A União Europeia não pretende ficar de braços cruzados, mas se preparou de várias maneiras para possíveis medidas de pressão comercial dos EUA e para fortalecer a posição de negociação da Europa. Esperançosamente, no entanto, o bom senso prevalecerá, e os problemas poderão ser resolvidos na mesa de negociação", comentou a autoridade monetária.>
Rehn afirmou que estes acordos de fortalecimento de parcerias devem ser tratados como "prioridade estratégica". Isso inclui aceitar ofertas de empresas não integrantes da UE para acessar o mercado do bloco, reduzir tarifas e promover as relações comerciais. Ele destacou ainda que negociações semelhantes estão em andamento com a Austrália, a Índia e a Indonésia.>
Outro front>
Trump também reforçou, nesta sexta-feira que os EUA aplicarão tarifas sobre importações de aço, alumínio e cobre. Chips de computador, produtos farmacêuticos, petróleo e gás também estão entre os bens que serão alvos de tarifas já em meados de fevereiro, disse.>
"Isso acontecerá em breve", disse Trump aos repórteres no Salão Oval. "Acho que vamos para o dia 18 de fevereiro e vamos impor muitas tarifas sobre o aço.">
As taxas previstas por Trump devem se somar às tarifas existentes sobre esses produtos, disse, afastando qualquer preocupação sobre as taxas aumentarem a inflação ou complicarem as cadeias de abastecimento globais.>
"As tarifas vão nos tornar muito ricos e muito fortes", disse, acrescentando que não se preocupava com os eleitores ou com a reação do mercado.>