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Consumo de bacon, linguiça e salsicha eleva o risco de demência, aponta estudo

Cientistas consideraram fatores como idade, histórico de doenças crônicas e estilo de vida

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Carol Neves

  • Estadão

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 08:05

Linguiça
Linguiça Crédito: Shutterstock

Um estudo realizado ao longo de mais de 40 anos nos Estados Unidos revelou que o consumo elevado de carne processada está associado a um maior risco de declínio cognitivo e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. A pesquisa, conduzida pela Universidade de Harvard, foi publicada em 15 de janeiro na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia.

O estudo acompanhou 133.771 profissionais de saúde, com uma média de 49 anos, durante 43 anos. Nenhum participante tinha demência no início da pesquisa, e todos registraram regularmente seu consumo alimentar, incluindo tipos e frequências de alimentos.

Os resultados mostraram que aqueles que consumiram em média 0,25 porção diária de carne processada (cerca de 20 g, equivalente a meia salsicha ou duas fatias de mortadela) apresentaram um risco 13% maior de desenvolver demência em comparação a quem consumia pouca ou nenhuma carne processada. Esses indivíduos também mostraram um risco 14% maior de apresentar declínio cognitivo subjetivo, um quadro em que surgem queixas cognitivas, mas o desempenho nos testes permanece normal. Além disso, a cada porção adicional de carne processada consumida, o envelhecimento cognitivo foi acelerado em até 1,69 anos.

Embora o consumo de carne vermelha também tenha impacto, esse efeito foi menos significativo. Aqueles que consumiam uma porção ou mais de carne vermelha por dia apresentaram risco 16% maior de relatar declínio cognitivo subjetivo em comparação a quem consumia menos de 0,5 porção diária.

Os cientistas consideraram fatores como idade, histórico de doenças crônicas e estilo de vida. O principal autor do estudo, nutricionista Dong Wang, explicou que a carne vermelha é rica em gordura saturada, o que pode contribuir para doenças como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, fatores que afetam a saúde cerebral.

Apesar das limitações do estudo, como o fato de ser observacional e depender de autorrelatos, especialistas como o neurologista Marcel Simis reconhecem sua relevância. Simis destaca que a pesquisa reforça a recomendação de reduzir o consumo de carne vermelha e evitar carne processada para proteger a saúde cognitiva.