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China, Canadá e México anunciam novas taxas aos EUA em reação a "tarifaço" de Trump

Guerra comercial ganha novos capítulos

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Rodrigues
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Gabriel Rodrigues

  • Estadão

Publicado em 4 de março de 2025 às 21:27

Donald Trump
Donald Trump gravou relações comerciais com China, Canadá e México Crédito: Shutterstock

China, México e Canadá reagiram ao tarifaço determinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e disseram que vão impor novas taxas a produtos importados americanos, agravando uma guerra comercial ainda com efeitos desconhecidos para a economia de todo o mundo.

O mercado reagiu mal com queda nas Bolsas nos EUA e na Europa. No fim do dia, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que o presidente Donald Trump anunciaria "um acordo" com os vizinhos hoje - ele não citou a China.

A taxação de parceiros comerciais pelos EUA começou a vigorar ontem, com 25% para produtos dos vizinhos americanos - no caso do Canadá, há a ressalva de itens como petróleo e gás, com 10% - e 20% para os mercadorias chinesas. Juntos, os três países exportam por volta de US$ 1,5 trilhão (R$ 8,8 trilhões) por ano para os Estados Unidos. Analistas brasileiros avaliaram que a briga dos EUA com seus parceiros comerciais pode favorecer o Brasil.

Minutos depois de a ordem passar a valer, à meia-noite pelo horário de Washington, Pequim anunciou que iria impor suas novas tarifas sobre alimentos importados dos Estados Unidos e bloquearia vendas para 15 empresas americanas.

Da mesma forma, o Canadá anunciou uma tarifa de 25% sobre produtos importados dos Estados Unidos. A cobrança atingirá um total de 155 bilhões de dólares canadenses (R$ 629 bilhões) em mercadorias.

Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que a retaliação às tarifas será anunciada em discurso aberto no próximo domingo. "Responderemos com medidas tarifárias e não tarifárias", disse.

Ao determinar as novas taxas, Trump acusou seus parceiros comerciais de não se empenharem para conter o fluxo de fentanil para os EUA - no caso dos vizinhos pelas fronteiras e, na China, na produção da droga e dos insumos. Ele também disse que o México e o Canadá são tolerantes com a imigração ilegal para os Estados Unidos.

Assim como na segunda-feira, quando Trump confirmou o tarifaço, o mercado de ações americano reagiu mal ontem. As Bolsas americanas fecharam em queda: o Dow Jones, de 1,55%; o índice S&P 500, de 1,22%; e a Nasdaq, de 0,35%.

As Bolsas da Europa também tiveram revés. Em Londres, o índice FTSE 100 fechou em queda de 1,27%. Em Frankfurt, o DAX recuou 3,53%. O CAC 40, de Paris, caiu 1,85%. Em Madri, o Ibex 35 perdeu 2,49%. Em Lisboa, o PSI 20 registrou baixa de 1,64%, enquanto, em Milão, o FTSE MIB marcou variação negativa de 3,41%

No Brasil, não houve pregão em razão do carnaval.

No fim do dia, o secretário de Comércio americano declarou à Fox News que Trump "vai encontrar uma solução com eles (México e Canadá)" e acrescentou que "não será uma pausa", dando a entender que chegarão a um meio-termo.

AUTORIZAÇÃO ESPECIAL

O Ministério das Finanças da China disse que vai aplicar tarifas de 15% sobre importações de frango, trigo, milho e algodão dos EUA e tarifas de 10% sobre outros alimentos, incluindo soja e laticínios.

Lou Qinjian, porta-voz do Congresso Nacional do Povo da China, criticou os EUA. "Ao impor tarifas unilaterais, os Estados Unidos violaram as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) e desestabilizaram a segurança e a estabilidade das cadeias globais de suprimentos e industriais", disse.

Wu Xinbo, diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Fudan, afirmou que "a China envia um sinal forte ao governo Trump de que uma tarifa unilateral não funciona". "É preciso sentar e negociar."

BATE-BOCA

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e Trump voltaram a se atacar. O canadense disse que o republicano "iniciou uma guerra comercial com seu amigo" enquanto falava em atender Vladimir Putin, "um ditador mentiroso e assassino".

Trump respondeu em sua rede social, a Truth Media, chamando Trudeau de "governador" - algo que tem repetido desde que sugeriu que o Canadá se tornasse um Estado americano - e dizendo que, quando o governo vizinho impuser "uma tarifa retaliatória nos EUA, nossa tarifa recíproca aumentará imediatamente em um valor similar!". (Com agências internacionais)