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Millena Marques
Publicado em 28 de maio de 2024 às 22:00
Proibição de acesso à galeria do plenário, vaias ao governo Jerônimo Rodrigues (PT) e questionamentos da oposição marcaram a sessão desta terça-feira (28) da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) que terminou com a aprovação do reajuste geral de 4% dos servidores públicos do estado. O projeto governista foi aprovado pela maioria dos deputados, e com votos contrários de integrantes da bancada de oposição e do parlamentar independente Hilton Coelho (Psol). >
A votação aconteceu sob protestos dos servidores, que foram proibidos de assistir à votação na galeria da Alba por determinação do presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD). Os funcionários públicos acompanharam a apreciação do texto pela televisão no Saguão Nestor Duarte. Ao final da sessão, alguns servidores protestaram durante a saída dos deputados. “É traidor do servidor”, gritaram contra os parlamentares que votaram a favor. >
No plenário, Adolfo Menezes argumentou que o veto à galeria foi para evitar “problemas”, já que havia centenas de servidores no local. "Tenho o maior respeito pelo servidor público. Mas eu, como presidente, não vou ficar desmoralizado”, frisou. >
Líder da oposição na Alba, Alan Sanches (União Brasil) reclamou da proibição da entrada de servidores na galeria. “Os servidores, como são politizados, querem participar deste momento e cobrar pacificamente daqueles que escolheram para representar. Mas são justamente os 43 deputados da base do governo que eles (os servidores) escolheram para a representar que, neste momento, não querem permitir que eles fiquem aqui, dentro do plenário, pacificamente para acompanhar (a votação)”, ressaltou. >
Coordenador-geral da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, Rui Oliveira afirmou que os professores não aceitaram a proposta do governo de reajuste. Ele se queixou do veto à galeria. “Desde a época do governo Rui Costa que tem esse tipo de intransigência e intolerância. Não aceitamos o reajuste parcelado. Nós queremos dignidade, queremos respeito aos educadores. Por isso, estamos aqui protestando para dizer que não queremos esse reajuste”, declarou. >
Representante da bancada independente, Hilton Coelho afirmou que o fechamento da galeria para os sindicalistas “entrará para história do Parlamento”. “Nunca vi uma situação desse tipo. Ter a galeria fechada para a população significa afogar o próprio sentido do Parlamento como a casa do povo. E o que a gente viu foi um método extremamente autoritário e perigoso”, afirmou. >
Encaminhado à Casa no último dia 2, o projeto de lei institui um reajuste de 4% para todos os trabalhadores da administração estadual direta e indireta. As mudanças contemplam o funcionalismo com a regulamentação e reajuste do auxílio refeição, reajuste complementar de 2,85% para carreiras com vencimento básico abaixo do salário-mínimo e a aplicação do piso nacional da educação – que será reajustado em 3,62%. Para os professores, o reajuste é de 5,69%. >
Com a aprovação, as medidas irão repercutir no mês de maio, com o reajuste linear de 2%, e em setembro, com mais 2%. A estimativa é que todas essas mudanças gerem um impacto para os cofres públicos de R$ 697 milhões, em 2024, e de R$ 1,282 bilhão, em 2025, conforme o governo. Só o reajuste linear, de acordo com a gestão petista, custará, este ano, cerca de R$ 464 milhões aos cofres estaduais, sendo R$ 891 milhões no próximo ano. >
Uma emenda para alterar a proposta de reajuste para 10% foi apresentada pelo líder da oposição na Alba, na semana passada. “A gente considera que 4% é uma proposta muito mesquinha do governo, porque sequer oferece ganho real aos servidores”, afirmou Alan Sanches. >
Nos últimos oito anos, os servidores estaduais da Bahia só tiveram reajuste salarial em três ocasiões: 2015, 2022 e 2023. Os modestos aumentos concedidos pelos governos petistas foram insuficientes para compensar as sobrecargas inflacionárias acumuladas entre 2015-2023, e estes funcionários públicos tiveram uma perda de 35,10% no rendimento salarial neste período, segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese).>
Os policiais civis e militares, que dizem ter tido uma perda salarial de 55% nos últimos 10 anos, afirmaram que iriam realizar protestos na Alba nesta terça, mas não houve manifestação.>
Mais um pedido de empréstimo do governador Jerônimo Rodrigues foi aprovado na Alba. Desta vez, o governo petista vai captar US$ 400 milhões junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), o que equivale a mais de R$ 2 bilhões. >
Com essa aprovação, a gestão de Jerônimo acumula R$ R$ 5,7 bilhões em operações de crédito. A matéria, aprovada nesta terça-feira, foi apresentada à Casa no dia 24 de abril. >
Segundo o líder da maioria, Rosemberg Pinto (PT), o projeto de lei apenas modificou o direcionamento da aplicação do empréstimo, que foi aprovado em 2015 na administração Rui Costa (PT). A justificativa foi contestada pela oposição. >
"Eles modificam o objeto, eles consertam, modificam o banco também da empresa que será credora. E, na verdade, mais uma vez, eles não dão transparência, não indicam no que será investido esse recurso. E a gente não pode concordar que um ano e cinco meses de governo já tenha se tomado e endividado a Bahia em R$ 6 bilhões", disse o deputado estadual Alan Sanches.>
A matéria foi aprovada pela maioria absoluta dos deputados, com os votos contrários da minoria e do deputado estadual Hilton Coelho.>
*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva>