Vítimas de acidente de lancha em Boipeba, bióloga e advogado estavam de férias na Bahia

Laryssa Galantini, 35, e Mário Cabral, 34, morreram após a colisão envolvendo duas lanchas no Rio do Inferno

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  • Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2023 às 12:41

Mário André Machado Cabral e Laryssa Fanny Galantini Pires estavam de férias na Bahia
Mário André Machado Cabral e Laryssa Fanny Galantini Pires estavam de férias na Bahia Crédito: Reprodução/ USP e Redes Sociais

Nesta sexta-feira (29), uma colisão entre duas lanchas em Boipeba provocou a morte de dois turistas que estavam em viagem de férias na Bahia. O acidente aconteceu no trecho conhecido como Rio do Inferno, em um dos destinos turísticos mais procurados da região do Baixo Sul. A bióloga Laryssa Galantini, 35, e o advogado Mário Cabral, 34, foram resgatados da água já sem vida e não são argentinos, como um marinheiro da Capitania dos Portos havia informado inicialmente.

Laryssa Fanny Galantini Pires, 35, era bióloga formada pela Unicamp, educadora e ativista ambiental na Chapada dos Veadeiros. Natural de Minas Gerais, morava no município de Alto Paraíso, no estado de Goiás. Em nota, o parque onde Laryssa foi conselheira escreveu que "Laryssa prestou grandes contribuições às pautas deste conselho e ao trabalho de educação ambiental na Chapada dos Veadeiros".

O Instituto Biorregional do Cerrado também lamentou a perda de Laryssa em postagem no perfil da entidade no Instagram, com mais de 1,2 mil curtidas e 160 comentários: “O Instituto Biorregional do Cerrado (IBC) lamenta profundamente a morte da ambientalista, educadora e amiga Laryssa Galantini. Lary faleceu aos 35 anos, deixando um grande legado para a Chapada dos Veadeiros e para todo o Brasil. Laryssa era uma educadora atuante e carismática. Participava de inúmeros projetos educacionais e socioambientais, sempre com o objetivo de promover a regeneração, resiliência e conservação do Cerrado. Era Biológica, entusiasta e protetora de Pachamama, uma ativista linha de frente, sempre disposta a lutar pelas causas difusas”, postou.

Laryssa era bióloga, educadora e ativista ambiental na Chapada dos Veadeiros
Laryssa era bióloga, educadora e ativista ambiental na Chapada dos Veadeiros Crédito: Reprodução/ Redes Sociais

O IBC disse ainda que Laryssa foi uma das idealizadoras do primeiro Mandato Coletivo do Brasil, eleito em 2018 em Alto Paraíso e foi homenageada com um capítulo no projeto - livro @projeto.beleza.interior. “Participava ativamente de Movimentos Feministas e das causas que envolviam crianças e adolescentes. Era entusiasta dos cogumelos e mantinha em parceria uma produção orgânica de distintas cepas medicinais e comestíveis. Uma das suas paixões era pela cultura dos raizeiros, parteiras e rezadeiras. Esteve sempre atuante na construção e apoio do @encontroraizes. Lary era uma jovem vibrante, alegre, sorriso no rosto, cheia de energia, projetos e sonhos. Sua partida deixa um grande vazio no coração de seus amigos, familiares, do seu companheiro de vida João Yuji e de toda a família da Chapada dos Veadeiros”.

Atualmente Laryssa trabalhava no Instituto de Pesquisa, Ensino e Extensão em Arte/Educação e Tecnologias Sustentáveis (IpeArtes) e atuava como e era colaboradora em projetos voltados para a preservação da vida silvestre na Chapada dos Veadeiros, conforme informou a amiga Daniela Ribeira, em entrevista ao G1 Goiás.

A outra vítima do acidente náutico é o advogado e doutor em direito econômico Mário André Machado Cabral, 34. Mário era natural de Maceió (AL), mas morava atualmente em São Paulo. Formado em direito na Universidade Federal do Ceará (UFC), Cabral fez mestrado pela Universidade de Nova York (NYU) e doutorado pela USP.

Natural de Maceió (AL),  Mário André Machado Cabral era advogado e doutor em direito econômico
Natural de Maceió (AL), Mário André Machado Cabral era advogado e doutor em direito econômico Crédito: Reprodução/ site USP

Com tese aprovada com distinção e indicada pelo Departamento de Direito Econômico e Financeiro para representar a SanFran no Prêmio Capes de Teses e no Prêmio Tese Destaque USP, a Faculdade de Direito da USP lamentou a morte do advogado. Recentemente, Mário André Machado Cabral iria iniciar no próximo semestre sua atuação como docente para ser professor de negócios na FGV Direito, após um acirrado processo seletivo, conforme a USP escreveu em nota, destacando outros feitos acadêmicos e profissionais.

“Mário Foi também pesquisador no Instituto Max Planck para Inovação e Concorrência (Munique), no Engelberg Center on Innovation Law Policy (Nova Iorque) e na Universidade de Iowa. Era pesquisador do Núcleo Jurídico do Observatório de Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP. Parecerista da Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, sob orientação do professor Carlos Portugal Gouvêa (DCO)”.

A Fundação Getúlio Vargas é mais uma instituição que publicou nota de pesar. "Profissional dedicado ao Direito concorrencial e ao Direito dos negócios, teve uma marcante experiência docente e destacada trajetória na advocacia. Lembraremos sempre de sua inquietude intelectual, de sua vivacidade acadêmica e da gentileza de sua convivência. Nos solidarizamos à dor de seus parentes e amigos", disse. Cabral estava de férias e viajou à Bahia com a namorada. O advogado e pesquisador deixa a mãe e o irmão.

Segundo informações da Polícia Civil, o condutor da lancha que se chocou nesta sexta-feira (29), no Distrito de Boipeba, apresentava sinais de embriaguez e foi conduzido em flagrante para a Delegacia Territorial de Cairu, onde está custodiado à disposição da Justiça. Uma mulher que estava desaparecida foi encaminhada com vida para o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, onde está internada. As guias periciais foram expedidas. A fiscalização da costa marinha e do mar é atribuição da Marinha do Brasil, que inclusive está com a operação verão em curso.

Entenda o caso

O acidente envolvendo as duas lanchas aconteceu por volta das 15h30, na tarde de sexta-feira (29). Uma das embarcações havia saído de Valença com destino a Boipeba e estava na metade do percurso quando colidiu contra outra lancha que realizava passeio na região.

Segundo a empresa Transportes Datolli Ltda, dona da lancha onde estavam as vítimas, o acidente aconteceu nas imediações do Encantado, no local conhecido como Cruzinha. A batida na lancha da Datolli XII foi tão forte que partiu a embarcação ao meio. O marinheiro da empresa que trabalha há mais de 20 anos com condução de embarcações, ficou ferido e foi hospitalizado em uma unidade de saúde da região. Já o condutor da embarcação que causou o acidente fugiu do local sem prestar socorro às vítimas, porém, foi preso em flagrante pela polícia. A Capitania dos Portos da Bahia instaurou um inquérito que apura as causas do acidente.