Violência policial na Bahia ganha destaque em jornal inglês

Reportagem do The Guardian aponta que, em 2023, uma em cada três crianças vítimas de homicídio no estado foi morta pela polícia

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Publicado em 15 de agosto de 2024 às 10:11

The Guardian destaca violência policial na Bahia
The Guardian destaca violência policial na Bahia Crédito: Reprodução

A violência na Bahia estourou a bolha e ganhou destaque na imprensa internacional. Em matéria publicada na quarta-feira (14), o jornal britânico The Guardian aponta que as mortes em decorrência de ações policiais no estado aumentam a pressão sobre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o presidente Lula.

A reportagem cita o relatório Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que revela que 289 crianças e jovens de 0 a 19 anos foram mortos pela polícia na Bahia no ano passado, contra 242 em 2022. Com isso, em 2023, uma em cada três crianças vítimas de homicídio no estado foi morta pela polícia.

O texto, assinado por Tiago Rogero, ainda destaca que a Bahia foi governada pelo Partido dos Trabalhadores nos últimos 17 anos. Ainda de acordo com a análise, os dados desse novo relatório devem aumentar a pressão sobre o partido, que não conseguiu diminuir tanto a morte de policiais como a violência em geral.

"A Bahia é o exemplo mais claro de como a esquerda não tem um plano para a segurança pública"

Pablo Nunes
Cientista político e coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, em entrevista ao The Guardian

“Na verdade, o que existe na Bahia é uma política de segurança pública que se alinha com todas as experiências mais prejudiciais que vimos nos últimos anos dos chamados governos de extrema direita”, acrescenta.

A reportagem também lembra que, em 2022, a polícia baiana se tornou a mais violenta do país. E, de 2015 a 2022, período em que o estado era governado por Rui Costa, as mortes em ações policiais cresceram 313%.

A predominância de vítimas negras também ganha destaque no jornal britânico. Informações de um estudo de 2022, realizado pelo cientista político Pablo Nunes, citadas na matéria revelam que 94,76% das vítimas de ações policiais, tanto adultas quanto jovens, eram negras – maior que a taxa de pessoas negras no estado, que é de 80%.

“É uma força policial muito letal que exacerba a violência nas zonas pobres, visando especialmente rapazes e jovens negros”, completa Nunes.