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Violência contra mulher atinge mais vítimas de 40 a 44 anos; saiba por que

Central Ligue 180 registrou 9.090 denúncias de violência contra a mulher na Bahia em 2024

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 8 de fevereiro de 2025 às 05:00

Violência
Violência Crédito: Freepick

Em um ano, o número de denúncias de casos de violência contra a mulher aumentou 11,6% na Bahia. No ano passado, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 registrou 9.090 casos no estado, um incremento de 891 ocorrências em relação a 2023, que computou 8.143 queixas. Um dos destaques dos dados é que, entre todas as faixas etárias, a violência contra mulheres entre 40 e 44 anos representa o maior número de denúncias, com 1.471 vítimas. As informações são do Ministério das Mulheres.

Vanessa Cavalcanti, professora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia (PPGNEIM – Ufba), analisa que as mulheres adultas e em fase reprodutiva sempre foram centrais nos indicadores de violência de gênero, e isso não mudou. “As mulheres estão mais escolarizadas e informadas, mas essa é uma fase em que relacionamentos e intimidades já estão menos temporários”, indica.

Uma vez que tendem a estar em relacionamentos duradouros nessa faixa de idade, em alguns casos até com união estável e filhos, a denúncia pode ocorrer com mais frequência nesse período porque, antes dele, houve um longo período de processo de decisão e de tomada de consciência.

“A violência prolongada chega a uma altura insustentável. [Nesse contexto], a questão da autonomia financeira e de apoio de redes sociais, familiares e institucionais são essenciais no enfrentamento e na tomada de decisão de pedir auxílio”, afirma Vanessa.

Violência acontece majoritariamente nas residências

Entre as denúncias registradas na Bahia no ano passado, 5.985 foram apresentadas pela própria vítima, enquanto 3.096 foram por terceiros. A casa da vítima ainda é o cenário onde mais situações de violência são registradas: 3.847 denúncias tinham este contexto. A residência compartilhada por vítima e suspeito também é local de grande parte das denúncias na Bahia, com 2.921 casos.

Lanai Santana, pesquisadora do PPGNEIM – Ufba, acredita que a casa, sendo um espaço privado, é frequentemente cenário de violência porque a vítima está vulnerável e isolada, sem acesso imediato a ajuda externa.

“A convivência diária e a dependência mútua (emocional, financeira, ou de outros tipos) tornam o ambiente propício para situações de violência, principalmente por parte de pessoas próximas, como cônjuges ou parceiros. A violência, nesse contexto, pode ocorrer de várias formas, como psicológica, física e até sexual, e muitas vezes é exacerbada por questões de controle e poder dentro da relação”, destaca.

Entre as mulheres mais afetadas pela violência de gênero, estão as mulheres pretas ou pardas, que são as vítimas mais frequentes (6.707). Em geral, são os envolvimentos românticos, antigos ou atuais, aqueles que mais cometem atos violentos (2.440) contra essas mulheres.

“Esse recorte racial indica uma desigualdade estrutural e histórica, colonial, que afeta, especialmente, as mulheres pretas ou pardas. [...] Essa população tende a ter menos acesso a recursos de proteção, apoio e justiça, o que torna as mulheres negras mais vulneráveis à violência doméstica e outras formas de agressão”, pontua Lanai.

Aumento de atendimentos

Em 2024, a Central de Atendimento – Ligue 180 registrou 63.330 atendimentos a mulheres vítimas de violência na Bahia, um aumento de 42% em relação ao ano anterior, quando 44.594 foram computados. Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o aumento significativo no número de atendimentos realizados pela central reflete a maior confiança da população brasileira no Ligue 180.

"Temos investido na capacitação das profissionais que realizam o atendimento e o acolhimento das mulheres, tanto para a informação sobre direitos e serviços da rede, como para o correto tratamento e encaminhamento das denúncias aos órgãos competentes, aumentando a confiança no canal. Além disso, temos intensificado as campanhas para ampliar a divulgação do Ligue 180, inclusive o atendimento no WhatsApp", explica a ministra.

Por sua vez, a professora Vanessa Cavalcanti acredita que o aumento do número de atendimentos não se deve apenas à confiança institucional. “Do outro lado, temos também um processo de intensificação de relações violentas, em todos os sentidos e tipificações, tanto que as leis vão confirmando as urgências. Tivemos um movimento no campo da educação, de políticas sociais e inversão de movimentos pró-Direitos Humanos que intensificou racismos, machismos e surgimento de opressões, especialmente para determinados grupos”, finaliza.