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Millena Marques
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 02:00
Com a chegada do novo ano, uma preocupação dos pais de filhos em idade escolar bate à porta: as compras dos materiais utilizados em sala de aula. Em Salvador e Região Metropolitana, livros, cadernos e itens de papelaria tiveram aumento no último mês, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que funciona com uma prévia da inflação. O caderno desponta como o produto escolar que mais encareceu em dezembro de 2024 - reajuste do preço do item mais que dobrou se comparado ao mês anterior.
Em novembro, o caderno teve uma variação de 1,82% e, na primeira quinzena de dezembro, foi de 4,02%. Em uma pesquisa feita pelo aplicativo Preço da Hora é possível encontrar um caderno de dez matérias variando entre R$ 20 e R$ 65. Um de 20 matérias varia de R$ 39,90 a R$ 41,90. Além dos cadernos, os artigos de papelaria também ficaram mais salgados. A variação foi de 5,15% no último mês.
Para o economista Edval Landulfo, o aumento já uma realidade observada anualmente, que engloba os gastos com educação de uma forma geral. "É normal nesse período a gente ter esses aumentos, não só dos materiais escolares, mas as planilhas das mensalidades das escolas aumentam entre 7,5% a 11% nos valores das mensalidades", argumenta o especialista.
De acordo com a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, não há como cravar se o aumento do material é causado apenas pela perspectiva da volta às aulas. No entanto, é um dos fatores. "Olhando para os anos anteriores, não se percebe um padrão de acelerar muito o aumento entre novembro e dezembro, não. Às vezes ocorre, às vezes não. Preço é muito difícil de ter padrão porque é um indicador extremamente multifatorial", explica.
Isso, aliás, pode ser observado com os dados dos últimos quatro anos. Em dezembro de 2021, o aumento no preço do caderno foi de 3%. No ano seguinte, no mesmo mês, a variação foi exorbitante: chegou a 17,64%, a maior do período. Já em dezembro de 2023, houve um aumento de 7,87, mais de três pontos percentuais em comparação a dezembro de 2024.
"O que a gente percebe, de uma forma mais consistente, é que os aumentos tendem a ser maiores ente novembro e janeiro, pegando justamente esse período de preparação para a volta às aulas, depois começam a desacelerar (aumentar menos), e o acumulado em 12 meses chega a ficar negativo entre setembro e outubro (o que ocorreu neste ano de 2024, por exemplo)", complementa Viveiros. Em setembro e outubro de 2024, o produto registrou quedas de 0,89% e 2,16%.
A química Karine Souza, 39 anos, diminuiu os gastos com material escolar nos últimos porque o filho, Eduardo Souza, 16 anos, está prestes a sair do ensino médio. No entanto, os gastos com cadernos e livros didáticos ainda fazem parte do planejamento anual. Só com os módulos didáticos do 3º ano, ela desembolsou cerca de R$2,7 mil. Agora, a preocupação é com outros itens.
Para economizar com os gastos na lista de material escolar, Karine comprou um fichário no ano passado. Neste ano, o desafio é achar os blocos de folhas. "O fichário foi mais caro do que o caderno, mas, por outro lado, esse ano eu só vou comprar as folhas. Foi uma estratégia para baratear um pouco", diz. A química contou que ainda possui um bloco de 300 folhas comprado por R$ 38. Esse valor, hoje, pagaria apenas um caderno de 160 folhas em uma loja física.
A prática utilizada por Karine é uma das apostas de Landulfo para economizar nesse período. Para reduzir os custos do material dos filhos, o especialista elenca uma série de medidas que podem ser adotadas anualmente. "Nem todo o material escolar tem um fim quando há o término do ano letivo. Por exemplo, mochilas, para quem tem alunos menores e merendeiras, costumam durar um pouco mais. Não há necessidade a cada ano ter essa troca", sugere.
Há, ainda, quem busque alternativas mais baratas pela internet. É o caso da assistente de Recursos Humanos, Varluze Oliveira, que comprará quatro cadernos de 96 folhas para a filha Maria Helena Oliveira, 7, aluna do segundo ano do ensino infantil. "Já fiz algumas pesquisas e acho que pela internet vai sair mais em conta", conta. Além do caderno, outros 26 itens foram solicitados pela unidade de ensino. Varluze prevê um gasto de R$2 mil só com material escolar neste ano.
Segundo o economista, além da compra de novos materiais na internet, os pais podem buscar produtos de segunda mão em aplicativos específicos. "Há diversos caminhos para poupar nesse período, seja através da compra de livros usados na mão de pais, seja por meio de sites e aplicativos especializados e também as famosas compras coletivas, onde os pais de uma determinada turma, que vão, a maioria, permanecer no mesmo colégio, negociam com as grandes editoras e livrarias o material didático", explica.
*Com colaboração de Elaine Sanoli