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Carol Neves
Publicado em 2 de novembro de 2024 às 20:16
O Teatro Vila Velha lamentou neste sábado (2) a morte da atriz baiana Yumara Rodrigues, aos 90 anos, em Salvador. A direção destaca que foi no Vila Velha que ela construiu "parte fundamental de sua carreira", no período da ditadura militar no Brasil. Em 1965, a atuação dela em O Zoológico de Vidro, ao lado da COmpanhia Baiana de Comédias, lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz.
A atriz, um "talento raro" de "trajetória marcante", trabalhou ao lado de grandes diretores, como Marcio Meirelles, em duas versões de A Mais Forte (August Strindberg), nos anos de 1983 e 1997, Amir Haddad e Luiz Mendonça. Ainda são destacadas as interpretações dela em duas peças icônicas, O Pelicano e Stopem Stopem.
"Hoje, despedimos-nos dessa estrela que brilhou em cena e na memória do teatro brasileiro. Que sua trajetória inspire novas gerações a resistirem, sonharem e criarem com a mesma paixão", diz a nota.
Também foi relembrada uma homenagem à atriz no palco do Vila Velha, em agosto do ano passado, com a leitura cênica de Os Dias Lindos de Celina Bonsucesso, escrita por Paulo Henrique Alcântara, a convite do encenador Marcio Meirelles, na programação do projeto VILA LÊ.
O corpo de Yumara será cremado em cerimônia neste domingo (3), no Cemitério Campo Santo.
Vida dedicada à arte
Yumara nasceu como Lygia Quintella Lins, em Conde, na Bahia, no ano de 1934, em uma família tradicional. Ainda na infância, teve sua primeira referência teatral com os circos que passavam pela cidade. Jovem, ela viajou para Salvador, onde estudou magistério e começou a trabalhar. Confira um pouco da trajetória da atriz, de acordo com biografia divulgada pelo próprio Vila Velha.
Em 1958, ela fez teste com o diretor Graça Mello, que havia sido convidado para dirigir o espetáculo de inauguração do Teatro Castro Alves (TCA) - uma montagem da peça Um Bonde Chamado Desejo, de Tenessee Williams. O teatro pegou fogo antes da estreia, suspendendo a programação.
Em 1960, atuou em O Canto do Cisne, de Tchekhov (1860-1904), e em A Moratória, de Jorge Andrade (1922-1984), papel que lhe rendeu a medalha de ouro como melhor atriz no I Festival do Autor Brasileiro, em Natal (RN). Foi convidada a participar da primeira novela produzida pela TV Itapoan, recém-instalada em Salvador. Colégio Interno (1961), de Luiz Maranhão, foi apresentada ao vivo. No mesmo ano, participou do filme de Anselmo Duarte (1920-2009), O Pagador de Promessas.
Em 1981, Yumara fez um concurso na Escola de Teatro e torna-se atriz da Companhia de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Em 1983, é considerada destaque do ano pelo jornal CORREIO, então Correio da Bahia, por sua atuação em A Mais Forte, de August Strindberg (1849-1912). Concluiu a graduação em direção teatral na Ufba, em 1984. Continuou sua trajetória com inúmeros trabalhos para teatro, cinema e televisão.