Viagens pedaláveis podem reduzir em até 37% a emissão de CO2 na capital

Projeção pode se concretizar caso 52% dos trechos dos motorizados individuais e 55% dos trechos de ônibus sejam trocados por bicicletas

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  • Larissa Almeida

Publicado em 28 de agosto de 2024 às 07:00

Salvador tem mais de 300 km em ciclovia Crédito: Marina Silva/CORREIO

Uma das principais pautas da sustentabilidade, a descarbonização – processo de reduzir as emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2) – pode ser alcançada pelo simples ato de pedalar. Isso é o que revela a pesquisa Impacto Social do Uso da Bicicleta em Salvador, que a partir dos dados coletados projetou que, se a parcela da população de Salvador que mais utiliza veículos motorizados individuais e ônibus – que representam 58% do dióxido de carbono da capital – utilizasse a bicicleta em todos os trajetos de até 8 km, a cidade teria uma redução de 37% na emissão de CO2.

A pesquisa, que foi conduzida pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), fez o cálculo de emissão de CO2 levando em consideração a média mundial de emissão do gás para automóveis e a emissão de ônibus municipais de São Paulo, pois não existem dados do tipo para a frota de Salvador.

Ainda, foi verificado que os modos motorizados individuais são responsáveis por 25% e os ônibus por 37% de todos os trechos de viagem. Desses tipos, 52% dos trechos dos motorizados individuais e 55% dos trechos de ônibus poderiam ser trocados por bicicleta.

“O potencial da bicicleta é muito alto. Muitas das viagens da cidade de Salvador têm curtas distâncias, mas que são feitas por modais que são poluentes. São viagens que poderiam ser feitas com bicicleta caso houvesse uma estrutura e segurança adequadas. O sistema de bicicleta compartilhada é essencial para produzir cultura de bicicleta, colocar esse meio de transporte na paisagem urbana”, afirma Victor Callil, pesquisador e diretor administrativo do Cebrap.

Em Salvador, o Movimento Salvador Vai de Bike, que existe desde 2014, foi responsável pela implementação de mais de 300 km de sistema cicloviário e, em parceria com a Bike Itaú, tem 77 estações e 670 bikes, dentre elas 220 elétricas, que já registrou mais de 6,5 milhões de viagens.

“Todas as cidades do mundo que aceitaram fortalecer o uso da bicicleta têm preocupação com a qualidade de vida do espaço urbano. Toda vez que a bicicleta é introduzida, ocupa um lugar importantíssimo no sistema de transporte [...] Cada vez que colocamos esse meio de transporte nas ruas, estamos tirando carro da cidade. Esse sistema de bicicleta compartilhada, fruto da nossa parceria com o Itaú, tem papel educativo e torna a bicicleta popular”, ressalta Isaac Edington, coordenador do Movimento.

Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco, enfatiza a importância do uso da bike para o meio ambiente. “Quando nós olhamos para os dados de emissão de CO2 nos centros urbanos, transporte é o grande emissor. Com o Bike Itaú, temos conseguido gerar créditos de carbono pelo carbono evitado pelas bicicletas. Então, até que a eletrificação se torne algo concreto, é preciso dar outras alternativas para veículos menos emissor”, finaliza.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo