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Larissa Almeida
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 02:30
As altas temperaturas que estão sendo registradas em Salvador durante o verão deste ano têm levado os alunos da Universidade Federal da Bahia (Ufba) a adotar diferentes estratégias para sobreviver ao calor durante as aulas. Uma vez que não há estrutura adequada para lidar com a alta estação nesse semestre atípico, que precisou estender os dias de aula para o tradicional período de férias após greve, tem sido cada vez mais comum ver os alunos com ventiladores portáteis, roupas curtas e garrafões de água – uma espécie de ‘kit verão’ para vivenciar a universidade. >
Nesta terça-feira (21), a temperatura máxima de 34ºC esperada para a capital baiana, de acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), causou um abafamento tão grande que a estudante Nicole Bonfim, 25 anos, passou mal e precisou sair da sala de uma das aulas do curso de Letras Vernáculas. Desta vez, nem os recursos que costuma levar para a universidade deram jeito. >
“As aulas estão sendo extremamente desconfortáveis e está difícil se concentrar devido ao calor excessivo. Estou tentando remediar tomando muita água e usando meu ventilador portátil. Com isso, bebo 700 mL, em média, em cada aula”, conta Nicole. >
A estudante Michele dos Santos, 22, que cursa Ciências Sociais, leva um garrafão para a universidade e já abandonou qualquer roupa com muito tecido. “Minha garrafa é de 2000 mL, e geralmente fico na faculdade de manhã até a tarde com ela. Vou com roupas mais leves e sempre me sento à frente do ventilador. Como em duas salas os ventiladores estão quebrados, utilizamos eles na forma que dá”, afirma. >
Em todos os campi da Ufba, há também quem faça uso de um dos artefatos de ventilação mais antigos do mundo: o leque. “A maioria dos meus colegas aderiram ao leque”, conta Michele Reis, 21, estudante de Ciências Contábeis. “Já eu levo um ventilador portátil, que inclusive acabei influenciando outros colegas a comprarem também, porque o ventilador que é disponibilizado nas salas não consegue dar conta nas salas que, em média, tem de 28 a 32 alunos”, relata. >
Por sua vez, a estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Artes, Átina Batista, 23, já aboliu o uso de jeans nesse verão. “Geralmente eu vou com roupas mais confortáveis, blusinhas de alças finas, sandália, short ou alguma calça de tecido folgado, nada de mangas ou [tecido] pesado. Eu bebo bastante água gelada e, às vezes, nem isso tem lá, só água natural. Por conta desse calor, vejo gente andando com a parte de cima do biquíni e gente faltando aula”, diz. >
Segundo os alunos ouvidos pela reportagem, o Diretório Central dos Estudantes da Ufba (DCE/Ufba) está articulando a proposta de um novo calendário acadêmico para o semestre 2025.2, que tem previsão de encerramento no dia 22 de dezembro. O intuito da proposta é impedir que os alunos tenham aula em janeiro de 2026, justamente por conta das temperaturas elevadas na cidade nesse período. >
A reportagem entrou em contato com a Ufba às 14h48 desta terça-feira (21) para saber se estratégias foram adotadas com objetivo de aplacar o calor dentro das salas de aulas e para obter um posicionamento em razão das reclamações dos estudantes. A assessoria de comunicação da universidade disse que, por conta do tempo fornecido para a resposta, com prazo final às 18h, a Ufba não atenderia o pedido do CORREIO. O espaço segue aberto. >