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Maysa Polcri
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 05:15
As altas temperaturas que atingem a Bahia durante o verão não interferem apenas no cotidiano dos baianos. Os animais também sentem os feitos do calor extremo, o que tem causado efeito nas granjas do estado. A alta temperatura impacta na criação de galinhas, que precisam de ventilação mecânica e nebulização. >
É o que acontece na granja Ninho de Ouro, localizada em Conceição da Feira, na Região Metropolitana de Salvador. Quem comanda a produção é Mariza Muniz, que conta com galpão com nebulização. Durante o verão, o sistema de refrigeração costuma ficar ligado por quatro ou cinco horas por dia. >
"É como se você ligasse o ar-condicionado de casa quando está fazendo muito calor na rua. Ligamos o nebulizador e o ventilador na granja e o galpão resfria. Não podemos deixar os equipamentos ligados durante todo o dia porque o lugar onde os animais pisam fica pastoso", explica. >
O constante liga e desliga dos equipamentos também acontece na Granja Ipê, localizada em Cruz das Almas. Lá, o produtor Jair Francisco Naide trabalha com um sistema de ventilação no galinheiro e outro de nebulização com um spray de água. “Que alterna entre 15 minutos para ajudar a baixar o calor”, explica. >
Enquanto alguns produtores investem em ambientes climatizados, os galpões tradicionais utilizam os ventiladores e nebulizadores, como explica Kesley Jordana, presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA). "A maioria dos avicultores têm galpões convencionais, e adotam estratégias para minimizar o estresse térmico: redução da densidade das aves por galpão e uso de ventiladores e nebulizadores", explica. >
Quando os equipamentos não funcionam, os efeitos são catastróficos. Na granja de Kesley Jordana, mais de 20 mil frangos morreram devido ao calor extremo. O episódio aconteceu no ano passado, quando uma pane elétrica impactou o funcionamento dos aparelhos. A perda foi de 60 toneladas de frango terminado, ou seja, pronto para o abate, o que configurou um prejuízo de R$ 300 mil. >
A presidente da ABA também explica os efeitos das altas temperaturas para os animais. "O calor excessivo faz com que as galinhas consumam menos ração, provocando déficit energético que é essencial para a produção de ovos. Isso reduz a produção", detalha. Esse é, segundo os produtores, um dos fatores do aumento do preço dos ovos. >
Um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que o alimento está até 40% mais caro nas vendas em atacado. Os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
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