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Veja quem são os ‘Reis do tráfico’ do Litoral Norte

A maioria é integrante do Bonde do Maluco (BDM)

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 05:00

"Pateta" do BDM foi preso em sua mansão em Jauá Crédito: Divulgação

Ostentação ou refúgio. Seja qual for o motivo, o que se sabe é que chefes de organizações criminosas se estabeleceram no Litoral Norte. A região, que só cresce desde a década de 70, com a expansão imobiliária e hoteleira, virou o reduto dos “Reis do Tráfico”, como é o caso de Lucas Cardoso dos Santos, o “Pateta”, preso na última quinta-feira (15), em sua mansão em Jauá, distrito de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. De sua luxuosa casa, a liderança do Bonde do Maluco dava as ordens em Salvador.

Além dele, outras “torres” do BDM como “Bruno Cabeça”, “Wolverine”, “Russo”, “Bira Kanário”, transformaram o aprazível litoral em seus recintos, onde imóveis são utilizados também para o armazenamento de drogas e armas, planejamento de ações criminosas na região e na capital, além da lavagem de dinheiro. “Tem aí uma aparente hegemonia. Mas a coisa é muito pulverizada e a ação da polícia é combater todas elas. Muito em breve teremos novas operações", declara o delegado do Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Marcelo Guimarães.    

Embora a alcunha de “Pateta”, o traficante Lucas não era nada besta. Pelo contrário. Era a 44 km, que ele comandava um dos pontos mais rentáveis da organização em Salvador, localizados nos bairros da Federação e Saúde. Assim, distante dos holofotes, permaneceu intocável por muitos anos em uma mansão, até esta quinta (15), quando foi localizado por equipes da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) Bahia e das Polícias Militar, Civil e Federal, durante a Operação Faro Fino.  

Na casa de luxuosa com piscina, havia dois carros na garagem e R$ 37 mil em espécie. O criminoso, que comanda a venda de entorpecentes no Centro de Salvador, tem envolvimento com homicídios de rivais, segundo a polícia. “Camaçari é a cidade que lidera o número de CVLIs (Crimes Violentos Letais Intencionais) e qualquer ação dá um impacto significativo, inclusive na Linha Verde, porque são os mesmos grupos”, diz o delegado citando as operações que resultaram na prisão de Pateta e o cumprimento de 23 mandados de busca e apreensão, ambas realizadas pela Polícia Civil no município nesta quinta (13).  

"Pateta" do BDM foi preso em sua mansão em Jauá Crédito: Divulgação

“Bruno Cabeça”  

São quase 200 km de extensão, com praias entre as mais belas do estado. Até o final dos anos 70, o Litoral Norte era composto por povoados rurais e aldeias de pescadores. Com a Estrada do Coco, trecho entre o Aeroporto de Salvador e a Praia do Forte, trouxe infraestrutura e hotéis ao longo da costa às praias de Monte Gordo, entre elas as badaladas Imbassaí, Guarajuba e Diogo. A região é controlada por "Bruno Cabeça", líder do Terceiro Comando Puro (TCP). "Toda a Monte Gordo é dele", diz um policial que trabalha em uma delegacia no Litoral Norte.  

Conhecido também pela alcunha de “BRZ”, “Bruno Cabeça”  liderava a “Tropa KLV”, que foi absorvida pelo TCP. Embora em Salvador e Recôncavo existe a aliença BDM/TCP para impedir o avanço do Comando Vermelho (CV), em Monte Gordo a situação é bem defirente. "Eles são rivais. O acordo de lá, não está em vigor por aqui", diz o agente. O traficante exerce também influência em outras cidades do litoral. No dia 15 de outubro de 2023, o criminoso comemorou seus 29 anos com uma festa em Monte Gordo. Vários homens armados fizeram vídeos celebrando o dia do “patrão”. O traficante vem sendo algo de várias operações.

Agosto de 2017,  o Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) prendeu "Bruno Cabeça" em Fortaleza. Na ocasião, a Polícia Civil informou que o grupo liberado por ele era responsável por vários homicídios, entre eles o do cabo da Polícia Militar Eduardo Olímpio Santos Filho, 43, na localidade conhecida como Largo do Corujão, em Monte Gordo, ocorrido em janeiro de 2015. 

 À época, foram presas também duas companheiras do traficante, além de comparsas dele, como "Jojó" ou "Babaca", "Ninho", "Danilo Bagaça", "Natan",  o "Conde" ou "Galego",  "Andinho", "Bidega" e "Teta". Em julho do mesmo ano, o principal fornecedor de drogas da organização, o traficante Bruno Oliveira Alves, foi localizado com quatro toneladas de maconha pela Força-Tarefa da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e Polícia Federal. 

Homem tem casa com piscina em Jauá
Casa de luxo de "Pateta" em Jauá tem piscina. Havia também dois carros  Crédito: Divulgação / SSP-BA

“Wolverine” 

E quem diria que um dos lendários integrantes dos X-Men mudaria de lado?  Neste multiverso baiano, o personagem “Wolverine” está à serviço do crime, como sendo a  liderança do BDM em Barra de Pojuca, Daniel dos Santos Silva.  “Ele foi preso numa força-tarefa fora do estado”, diz o delegado, que fez referência à operação realizada peças equipes das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (FICCO) e das Polícias Civis da Bahia (DEIC) e do Espírito Santo, na cidade capixaba de São Mateus, em abril do ano passado. 

Daniel, chamado também de “Vovô Urso”, foi alvo da Operação ARKTOS e era Valete de Copas do Baralho do Crime, ferramenta da Secretaria da Segurança que exibe a foto de bandidos com mandado de prisão em aberto. O criminoso é o responsável por assassinatos em Barra de Pojuca e na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Com carro clonado e documento falso, ele foi cercado próximo ao Centro da cidade, que fica a 64 km da divisa com a Bahia. O traficante possuía três mandados de prisão.  

“A maioria das lideranças está presa, mas continuam deliberando os seus grupos, com ordens extramuros. A gente tem feito operações nos presídios para apreender celulares.  A Secretaria (SSP) e a Seap têm providenciado a transferência deles para unidade de segurança máxima, como a unidade de Serrinha, e em outros”, explica Guimarães.   

"Wolverine" ocupava o Valete de Copas do Baralho do Crime Crédito: Divulgação/SSP

“Bira Kanário” 

Ubiraí dos Santos, o “Bira Kanário”, era o líder da facção em Abrantes, região de Camaçari. Em janeiro deste ano, ele foi morto numa ação policial em Caji, bairro de Lauro de Freitas. “Ele era o mais violento e fazia questão que os demais fossem também impiedosos”, relata um investigador.    

"Bira Kanário” atuava na localidade do Mutirão e era acusado de cometer dois homicídios, entre eles, o do policial civil Luiz Alberto dos Santos, baleado na noite do dia 31 de outubro de 2017, na BA-526, entre o bairro de São Cristóvão, em Salvador, e a cidade de Simões Filho, na região metropolitana.  

Luiz Alberto foi atingido quando dirigia. Ele foi fechado por dois veículos, cujos ocupantes efetuaram vários disparos. Na ocasião, ele estava há 18 anos na Polícia e trabalhava na delegacia de Abrantes. O segundo assassinato atribuído ao traficante foi o do músico Renato Santos Evangelista Sobrinho, em 2021. Na época, um vídeo divulgado nas redes sociais mostrou o momento que ele foi executado em um matagal localizado em Vila de Abrantes.

“Russo”  

“Russo” gostava de matar, sim, e com as próprias mãos. Ao contrário de outras lideranças da organização, Raimundo Nonato Baracho dos Santos, seu nome de batismo, fazia questão de ser o juiz e de ele mesmo “apagar” seus desafetos. Uma das "torres” do BDM, ele morreu no último dia 3, em Itacimirim, durante confronto com policiais do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), com apoio do Batalhão de Prevenção a Furtos e Roubos de Veículos (BPFRV).   

“Russo” de 34 anos, comandava a tiros de fuzil, metralhadoras e até granadas o tráfico de drogas em áreas como Rua Lígia Maria, em Pirajá; Marechal Rondon e Sussuarana, em Salvador.  Para a polícia, ele era um "cabeça-cara", pois havia contra ele mandados de prisão em aberto por vários crimes.  

Durante confronto com a PM,
Durante confronto com a PM, "Russo" morreu em Itacimirim Crédito: Divulgação

O criminoso participou de uma chacina no bairro de Marechal Rondon, em agosto de 2014. Morreram: Maria da Paixão Pereira, 65, seus filhos Jadaíra Pereira dos Santos, 28, e Jackson Pereira dos Santos, 27, além de Antônio Cláudio dos Santos, 39, e uma mulher. As cinco vítimas foram baleadas e queimadas no terreiro de Candomblé, onde a família de Maria também residia.