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Wendel de Novais
Publicado em 12 de março de 2025 às 11:24
O esquema de tráfico de ‘maconha líquida’ liderado por Vitor Lobo, que foi preso em operação do Departamento Especializado de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), usava médicos e um delivery de motoboys na operação criminosa. Vitor, que é ex-presidente da Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED), estaria ligado a uma empresa que atua na venda do óleo, que é chamado de maconha líquida pelos investigadores, e se beneficiava da ação dos médicos. >
“Os médicos eram pagos para, no ato de prescrição de medicamentos, indicarem a empresa de Vitor como um meio para se obter os produtos mais rapidamente, só que a um preço muito superior. Os frascos de óleo dele saíam por mais de R$ 1 mil, enquanto existem outros similares a R$ 300. O médico receitava, indicava e faziam um delivery dos óleos. Existia isso, além do tráfico das canetinhas”, relata uma fonte com atua na regularização do uso de cannabis medicinal e sabia da prática criminosa. >
Questionada, uma fonte policial envolvida na investigação confirma as pistas da participação de médicos e acrescenta que há uma linha de investigação sobre receitas falsas. “Tudo isso está sendo analisado, inclusive, se havia falsos diagnósticos com o propósito exclusivo para a obtenção das substâncias. Da mesma forma está a análise sobre quais substâncias ele poderia estar comercializando ou não”, detalha o policial. >
Sobre o valor que Vitor obteve com o esquema criminoso, a polícia estima que os lucros tenham superado a casa do milhão. “Estamos apurando, buscando precisão, mas são quantias milionárias”, completou a fonte. A reportagem apurou que o esquema liderado por Vitor envolve vários médicos, sendo um deles um infectologista famoso e influente. >
Vitor Lobo chegou a integrar a participar da comissão para elaborar as instruções técnicas referentes à Lei 9.663/2023, que autoriza a distribuição de cannabis medicinal no Sistema Único de Saúde (SUS), em Salvador. A fonte que luta pela regularização lamenta a ação criminosa. “Esse tipo de situação queima a imagem de quem está trabalhando por uma política de saúde importante, além de impactar negativamente a luta pela regularização da lei”, afirma. >
A presença de Vitor na comissão, inclusive, teria gerado denúncias já que, apesar de ter sido presidente da AATAMED, ele estaria ligado a uma empresa que trabalha com a importação do produto, tendo interesse financeiro na causa. >