Universidades e institutos federais protestam por mais orçamento e aumento salarial para professores

Manifestação partiu do Largo do Campo Grande em direção a Praça da Piedade

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 3 de junho de 2024 às 18:20

Ato aconteceu na tarde desta segunda
Ato aconteceu na tarde desta segunda Crédito: Marina Silva/CORREIO

Estudantes e professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) localizadas na Bahia se reuniram em protesto na tarde desta segunda-feira (3), em Salvador. A manifestação partiu do Largo do Campo Grande em direção à Praça da Piedade e reivindica reajustes no orçamento das Ifes, além de melhorias salariais para os docentes.

“Esse ato tem como objetivo fortalecer o movimento em curso e pressionar o governo a retomar as negociações com a categoria e atender as nossas reivindicações. O governo assinou um acordo com uma organização que não representa os sindicatos e essa iniciativa saiu pela culatra, pois o movimento se fortaleceu com mais seções sindicais entrando em greve e organizando atos no Brasil inteiro”, afirmou o presidente da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (Apur), Arlen Beltrão

Entre as demandas da categoria, estão a recomposição salarial dos professores e do orçamento das universidades públicas. Ainda segundo Arlen, o salário dos docentes apresenta uma defasagem de 22% em relação a inflação. No entanto, o governo rejeitou a proposta de correção salarial apresentada pelos sindicatos.

“Na antepenúltima mesa, o governo se posicionou de forma contrária as nossas reinvindicações e apresentou um avanço muito limitado. Nossa categoria apresentou uma contraproposta que rebaixou a nossa pedida inicial de 22% para 18%. Não estamos pedindo aumento e sim a recomposição daquilo que a inflação corroeu dos nossos salários, o que é um direito de todo trabalhador. Além disso, estamos pedindo R$ 2,5 bilhões para o orçamento universitário", continuou.

Entre os professores e estudantes no protesto, uma pauta comum era a recomposição orçamentária das Ifes. Neste ano, o orçamento da universidade teve corte de R$ 500 milhões em relação ao ano passado. No ano passado, o governo Lula aumentou o orçamento para pouco mais de R$ 6,5 bilhões, mas em 2024 foi de R$ 6 bilhões. Para os alunos, as reduções afetam a vida dos estudantes no ensino superior.

“A gente veio lutar por uma recomposição orçamentária, porque a universidade enfrenta diversos problemas, principalmente estruturais. Os estudantes estão lidando com teto caindo na sala de aula, problemas com falta de luz e água que interrompem as aulas por vários dias, campus alagados em dias de chuva, entre outros. Esses são problemas que afetam a permanência dos estudantes, e é um papel da universidade garantir esse direito”, disse a estudante de psicologia, Stephanie Ouais.

Outra pauta estudantil é o aumento das bolsas para os discentes, que recebem cerca de R$ 700 para realizar atividades de ensino, pesquisa e extensão. Para o estudante de história, Anderson Costa, o valor é insuficiente para garantir a permanência dos alunos na faculdade.

“A intenção é subir para R$1.200, que seria o valor reajustado pela inflação. Houve uma política de inserção de estudantes na faculdade e eles não conseguem se manter pela forma que a bolsa funciona. A pesquisa é como um trabalho onde exercemos uma carga horária e recebemos um dinheiro que nos força a escolher entre trabalhar e secundarizar a nossa formação como pesquisadores ou seguir recebendo um dinheiro que não dá sobreviver”, explicou.

A manifestação acontece uma semana após o governo federal assinar um acordo salarial com a Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) visando encerrar a greve. No entanto, a proposta foi rejeitada pela maioria das assembleias docentes, sob a alegação de que a federação não tem representatividade sobre a categoria.

“O Proifes ainda não tem registro sindical e tem na sua base apenas cinco das 69 universidades que estão em greve, sendo que três delas rejeitaram o acordo. A maioria das universidades não faz parte da base e não reconhece o Proifes, que faz o jogo do governo”, finalizou Arlen.

Participaram da manifestação o comando de greve docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (Apur), o Sindicato Docente da Universidade Federal do Sul da Bahia (SindiUFSB), o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior(ANDES-SN), e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica Profissional (Sinasefe), com suas representações no interior e na capital. O ato é ainda apoiado pela Apub (Sindicato dos Professores das Instituições de Ensino Superior da Bahia) e pela Aduneb (Associação de Docentes da Universidade do Estado da Bahia), que está em mobilização junto com as demais universidades estaduais.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela