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Wendel de Novais
Publicado em 7 de março de 2025 às 12:18
Os 12 suspeitos mortos em ação policial no bairro de Fazenda Coutos, em Salvador, exerciam ‘funções de rua’ nas facções criminosas das quais eram integrantes. O grupo invadiu a localidade do Theotônio Vilela em uma ação conjunta das facções da A Tropa e o Comando Vermelho (CV) contra o Bonde do Maluco (BDM), mas a maioria deles atuava no Madeirite, a 500 metros de onde morreram. >
No local, atuavam na venda de entorpecentes, na vigia das ruas e até em roubos para ataques a outros grupos, como explica fonte policial. “Até pelo perfil deles é possível ver que se tratavam de homens de bonde, que têm uma função de ataque a rivais, como fizeram ali, de comercialização das drogas das facções e vigia dessa área pela situação de conflito”, explica o PM, sem se identificar.>
Ainda de acordo com a fonte, parte dos mortos era ‘iniciante’ no crime. Tanto é que Davi Costa dos Anjos e Paulo Ricardo Santos Pereira, que estão entre os mortos, tinham apenas 17 anos. Já Paulo Phelipe Rodrigues dos Santos e João Cledison Santos Souza tinham 18 anos. Todos os mortos, inclusive, tinham idades que variavam entre de 17 a 27 anos.>
A pouca idade de Félix de Oliveira Rodrigues, de 19, não o livrou, no entanto, de indiciamento pelo crime de tráfico de drogas. A denúncia se deu após uma prisão flagrante em que Félix tentou fugir de agentes da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) e invadir uma casa para fazer reféns no bairro de Fazenda Coutos em janeiro deste ano.>
“Na fuga, um dos elementos, Félix de Oliveira Rodrigues, tentou adentrar numa residência, porém não obteve êxito e foi alcançado pela guarnição. Após a abordagem, foram encontrados em sua posse vinte e quatro tubos de cocaína, além de dinheiro, celular e outros objetos”, diz o processo no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) contra ele.>
No processo, Félix admitiu que atuava na venda de drogas no bairro. Assim como ele, Douglas Campos da Silva Batista, 27, também foi indiciado pelo crime de tráfico antes de morrer na ação policial. Ele, entretanto, tinha registros de crime mais antigos, como quando foi preso no ano de 2020 com grande quantidade de drogas.>
“O denunciado foi preso, na Rua Bom Jesus da Lapa, em Valéria, ao ser uma flagrado por PMs trazendo consigo substâncias entorpecentes, com fito de comercialização. […] Na sua revista pessoal, encontraram, 80 cápsulas acondicionadas com cocaína”, explica a denúncia contra Douglas. Ele, no entanto, optou pelo direito de ficar em silêncio durante o interrogatório.>
Outro crime praticado por um dos mortos é o roubo de veículo. Leidson Maxwel da Costa Silva, 27, teria diferentes passagens por roubar carros para ataques da facção. Em um caso de 2022, ele foi denunciado pela prática criminosa. No caso, Leidson, na companhia de um outro de denunciado, roubou um veículo nas imediações do Shopping Barra.>
Os dois teriam solicitado uma viagem por aplicativo como forma de atrair a vitima, que era motorista de app, para uma emboscada. “Chegando ao ponto de solicitação, os ora denunciados adentraram o veículo e ordenaram que o o motorista conduzisse o carro até a BrasilGás, na BR 324. Sucedeu, então, que se aproximando do local de destino, os acusados, agindo em comunhão de ações e unidade de desígnios, deram voz de assalto à presente vítima”, detalha a denúncia.>
Após denúncia, entretanto, Leidson e o comparsa foram capturados. Os outros cinco mortos na ação policial em Fazenda Coutos foram identificadas como: Francisco Ariel Freire Santos, 27; Jackson Vitor Araújo dos Santos, 20; Samuel da Luz Nascimento de Sousa, 24; Uendel Vitor Rodrigues dos Reis, 20 e Wendel Henrique Nunes dos Santos, 20.>
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou, na última quarta-feira (5), um procedimento para acompanhar as investigações policiais do tiroteio que resultou nas 12 mortes. A apuração do caso será acompanhada por equipes dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp). >
O órgão se reuniu na tarde de quarta com as Secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), além do comando das Polícias Militar e Civil, para discutir encaminhamentos quanto às investigações.>